Dividas e o seu pagamento – 1

Win or lose, though, begging for scraps at the tables of the rich is a sucker’s game.  In social change as in every other aspect of life, who pays the piper calls the tune, and the rich—who benefit more than anyone else from business as usual—can be counted on to defend their interest by funding only those activities that don’t seriously threaten the continuation of business as usual. Successful movements for social change start by taking effective action with the resources they can muster by themselves, and build their own funding base by attracting people who believe in their mission strongly enough to help pay for it

John Michael Greer

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Em 380 A.C, Platão descreve no livro I da sua obra “A república”, um diálogo onde participa Sócrates e debate inicialmente com Céfalo e Polemarco (filho de Céfalo) qual deve ser a moralidade aplicável ao pagamento de dividas.

Céfalo, um mercador e herdeiro de terceira geração define qual é a linha de pensamento típica e a ética dos mercadores no que diz respeito a este assunto: que é justo e correcto pagar a divida que se tem ou o reembolso do empréstimo que se fez.

Sócrates contra argumenta:

Se alguém recebesse armas de um amigo em perfeito juízo, e este, tomado de loucura, lhas reclamasse, toda a gente diria que não se lhe deviam entregar, e que não seria injusto restituir-lhe, nem tão pouco consentir em dizer toda a verdade a um homem nesse estado…”

Fornecer armas a um homem que endoideceu (por analogia: um repagamento de uma divida…) e que caso as usasse no estado de loucura em que está, as consequências não serão nem correctas nem justas. (o devedor ficar sem nada, passando a viver na indigência…)

Na realidade, quer Sócrates com isto dizer que existem excepções aos repagamentos de dividas e essas excepções devem ser aplicadas e devem ser transformadas em lei numa sociedade justa.

(Numa nota lateral, e especulativamente, deveremos suspeitar que a hostilidade dos adeptos e claques de apoio ao neoliberalismo e ao capitalismo selvagem aos filósofos; radicam em posicionamentos como este; acaso os neoliberais conheçam os filósofos e saibam quem são ou quem foram.)

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“Debt is a mistake between lender and borrower, and both should suffer. ” Nassim Nicholas Taleb

O primeiro argumento explanado por Sócrates acerca do repagamento de dividas não dever ser feito em todas as circunstancias não é o argumento primário aqui.

Existe um sub argumento baseado numa lógica de micro moralidade – este; e existe um sub argumento de macro moralidade ou macro estrutura da sociedade implícito na analise.

Que é o seguinte: como é que obrigar devedores que estão impossibilitados de repagar más dividas/divida tóxica) afecta toda a sociedade?

Parafraseando a ideia de Sócrates: se um doido tem intenções de cometer assassínio e provocar o caos, devolver-lhe a arma que o possibilita fazer tal irá facilitar o seu cometimento de mais actos injustos e as consequências serão mais sofrimento ou mais mortes nos que forem as suas vitimas.

Significa que de um ponto de vista de justiça, a moralidade de repagar todas as dividas falha em significar que justiça esteja a ser feita, porque as consequências gerais e estruturais para uma dada sociedade tem que ser levadas TODAS em conta e não só aquelas que interessam à micro moralidade do credor….

Uma “analise custo beneficio” tem que ser feita relacionada com o que a sociedade ganha com isto e o que perde.

Oligarcas e mercadores; os que propõem uma forma musculada de fazer as coisas tem feito força – continuadamente – favorecendo as “soluções” que foram aplicadas recentemente aos países europeus com este tipo de problemas de divida e à forma de resolver a recente crise infindável…, enquanto não manufacturam outra nova crise infindável para justificar ainda mais a imposição deste modelo teocrático financeiro de resolução de problemas.

E de imposição de mais injustiça selectiva como forma de condicionamento de partes significativa da sociedade onde isto aconteça.

Utilizam um sub argumento escondido. No óptica oligárquica-mercadora defende-se que deve ser salvo; primeiro,os interesses dos credores ricos – a sua salvação de perdas financeiras, em muitos casos por si mesmos criadas.

Defende-se a primazia que seja (1) a moralidade de que todas as dividas devam ser repagadas vs (2) a economia real e a sociedade estrutural em toda a sua extensão, com os problemas de desemprego, emigração e miséria levando à emigração, piores condições de saúde e de vida para a generalidade da população e menor tempo de vida que resultem da aplicação da forma musculada de fazer as coisas – a prevalecer.

Estas duas lógicas confrontam-se, mas o que está em causa verdadeiramente é o comportamento abusivo, egoísta, criminoso, ganancioso dos credores que criaram uma * narrativa e uma prática que os isenta de responsabilidades, passando-as para os devedores na sua inteira totalidade.

*… by funding only those activities that don’t seriously threaten the continuation of business as usual. …

(continua)

Como a opus dei chegou onde queria chegar (à Cgd) e os partidos políticos portugueses permitiram

Em Portugal, quem é colocado fora do acesso aos benefícios do sistema político, social e económico português tem uma identidade. Essa identidade económica, política e social e partilhada com todos os outros membros da sociedade que estão na mesma situação, quer pareçam ser pessoas colocadas num patamar económico acima, quer não o sejam efectivamente.

O desempregado branco dos subúrbios, o exilado rural que vive perto da indigência na província, o precário urbano que coexiste entre apelos pueris que o fazem pensar que é pós moderno e o desemprego de recibo verde mascarado de emprego dinâmico e moderno estão todos no mesmo barco.

A profissão liberal ou publica na área tecnica como o professor ou o médio quadro bancário estão todos no mesmo barco. O trabalhador emigrante indocumentado e o emigrante documentado oriundo de locais bizarros também está no mesmo barco.

Julgam que não, mas estão.

Importante: as elites de poder portuguesas investem muito tempo e dinheiro a mascarar e iludir estas pessoas e os problemas sociais políticos e económicos que existem.

Importante: uma certa forma peculiar de corrupção é mantida e aperfeiçoada pelas elites de poder portuguesas, que investem no controlo de muitas pessoas feito por um numero relativo de poucas pessoas.

Importante:  esta milícia de tipo casta é perigosa para todos e altamente corrosiva.

Importante: deve-se evitar deixar chegar estas pessoas a lugares de poder e responsabilidade, especialmente na esfera pública.

Na caixa geral de depósitos, banco 100% público os partidos políticos chamados PSD e CDS – meras extensões da oligarquia corrupta e decadente que queima lentamente Portugal, apostaram na política de terra queimada.

Lamentavelmente quem diz que se lhes opunha favoreceu isso.

Colocados perante a oportunidade de quebrar o controlo, nada fizeram.

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Quando no governo, (2011-2015) o PSD e o CDS permitiram que existisse uma política de desvalorização do banco, com o objectivo de:

a) baixar o preço para o potencial comprador;

b) justificar privatizar;

Quando comprasse, o potencial comprador herdaria o direito de cobrar os créditos que a Caixa tem sobre dividas de terceiros.

O Estado português tem mais de 100 mil milhões de euros em dividas à CGD.(*)

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( * dados da infografia correspondem ao ano de 2013. )

Quem comprasse, mal o fizesse iria exercer o seu direito a cobrar.

Um justificação perfeita para um governo em funções ( um governo PSD-CDS…) justificar cortes de despesa pública e aumentos de impostos.

Em 2015 a paisagem do cenário mudou (o cenário é o mesmo, infelizmente…) e uma nova experiência política começou a governar.

Esta definiu que:

a) era necessário recapitalizar a CGD;

b) sanear as contas do banco e admitir perdas;

c) racionalizar a gestão (despedir pessoas) e fazer com que o banco voltasse a financiar empresas e particulares, dado que a ” boa gestão” dos privados feita em anos passados nos seus próprios bancos resultou em estarem impossibilitados de fazer tal… actualmente…

Os representantes dos oligarcas (PSD-CDS) perceberam o perigo. E movimentam-se para impedir que a recapitalização da caixa (4 mil milhões de euros), que serviriam na sua grande parte para por dinheiro a circular e reactivar a economia especialmente nas pequenas e medias empresa fosse parada.

Sabem que se isso arranca, não voltam a chegar ao poder antes de 10,12 anos.

Isto é patriotismo de alto coturno.

Inicia-se o bloqueio, sobre a nova administração. Contando com a preciosa ajuda de todos os partidos incluindo o que está no governo.

Qual a solução, se a administração não fosse empossada como veio a suceder?

Uma nova administração inatacável.

E recusa-se ou não se sabe, arranjar uma administração inatacável.

Do outro lado, manipula-se através dos seus lacaios na imprensa para colocar na CGD, um membro da Opus dei.

Parece ser seguro afirmar que este candidato a administrador seria melhor do que aquele que foi actualmente escolhido para a Cgd..

Parece ser seguro afirmar que este candidato a administrador seria melhor do que aquele que foi actualmente escolhido para a CGD…

Com o novo candidato Paulo Macedo os velhos argumentos de que:

a) o ordenado do gestor principal da casa era demasiado alto

b) tinha destruído o SNS e feito um péssimo trabalho como director geral de impostos;

já não se aplicam.

Vários partidos políticos fizeram uma guerra sobre os rendimentos para afastarem o outro tipo e a solução é … Paulo Macedo…? A solução é  … a Opus dei…?

Um exemplo de uma estratégia negocial imbecil e um termo de comparação.

Mark Blith, economista escocês, deu uma entrevista em que criticava o SNP escocês, o partido que defende a independência da Escócia em relação ao Reino Unido.

Aquando dos resultados do brexit, o SNP queria demarcar-se politicamente dos resultados, porque eram contra os problemas eventuais que a saída da UE iria criar a Escócia pelo facto de a Inglaterra sair.

Mark Blith contrapunha e argumentava que a posição do SNP era “absurda” . Mas eles acham mesmo que ficam melhor com a austeridade do Sr Schauble?

Por contraposição à austeridade dos ingleses?

Um exemplo de uma estratégia negocial imbecil e um termo de comparação.

Fazer uma guerra acerca da nomeação de António Domingues para a CGD e obter a renunciai deste, para ser substituído por Paulo Macedo, membros da Opus dei é melhor…?

A apresentação de rendimentos e o alto ordenado do novo gestor da CGD já não constituem condição impeditiva para este ocupar o cargo…?

Mas eles acham mesmo que ficam melhor com o Sr Macedo na CGD….?

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Qual o significado real disto?

A maquinaria conhecida como “Geringonça” acabou, no momento em que esta sinistra personagem ocupou o cargo de gestor principal da CGD.

Com esta decisão?!?! o poder de controlar tudo na economia portuguesa foi dado de bandeja à pior organização de oligarcas à qual podia ter sido dada.

Esta decisão tem enormes repercussões e algumas delas são completamente invisíveis. O que o sector Opus dei sempre quis ter foi o controlo do dinheiro e o “controlo da informação” que lhes é providenciado pelo acesso ao que é a informação financeira que a CGD contém.

Mas o Sr Macedo vai congelar o investimento na CGD?

Em vez de congelar o investimento na CGD, o Sr Macedo vai fazer exactamente aquilo que o governo e o os partidos todos querem que seja feito.

Paralelamente vai adquirir toda a informação sobre o que a caixa é; a quem concedeu credito e onde se movimenta comercialmente. Essa informação será do conhecimento da Opus dei e dos seus amigos. Um fotocópia da economia e da sociedade será tirada. Isto virá a facilitar ainda mais o controlo de quem pode vir a ser rico ( os da cor…) e quem não pode.

Mais à frente, os que virão a ser excluídos serão quem é pobre ou quem  recusa alinhar com a corrupção.

Todos colaboraram com isto.  A Irmandade de Nemésis não e a Irmandade não perdoa nem esquece.

Panamá Leaks – mantenha a calma e chantageie alguém

“Today we live in a society in which spurious realities are manufactured by the media, by governments, by big corporations, by religious groups, political groups… So I ask, in my writing, What is real? Because unceasingly we are bombarded with pseudo-realities manufactured by very sophisticated people using very sophisticated electronic mechanisms.”
~ Philip K. Dick

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As ideias culturais (memorandos) são ideias inseridas nas sociedades por grupos específicos; grupos esses que tem muito a ganhar pela imposição dessas mesmas ideias como “norma padrão” pela qual uma sociedade deve pensar e viver e quando aceites pela generalidade dos cidadãos tornam-se parte da nossa cultura geral.

Regra geral o que existe numa sociedade é uma inércia social relativamente a ideias culturais novas (não no sentido de cultura “artística”…). Daí os actos premeditados destes específicos grupos de interesses na criação destes memorandos culturais e na sua disseminação.

Quando estes grupos ilegítimos de interesses julgam estar a sociedade predisposta a aceitar algo contrário aos interesses dos cidadãos, ou precisam que a sociedade esteja predisposta a aceitar formas de viver contrárias aos seus interesses é colocado o ovo social dos memorandos pré fabricados em acordo com os interesses da elites, das oligarquias ou de ambos.
Se este memorando se torna viral a viralidade auto exponencia-se e o novo ovo social/memorando a aplicar auto alimenta-se e apresenta as características da exponencialidade existentes nas células cancerígenas.

Quando os memorandos são sucessivamente aplicados, e as coisas efectivamente mudam, os promotores destes tipos de ideias tentam a todo o custo travar a emergência de um novo memorando que os combata e passam a promover a inercia social e cultural e o estiolamento do pensamento.
Quando não o conseguem ou porque não tem força e habilidade para isso ou porque uma sociedade onde isto é aplicado é demasiado dinâmica e gera sucessivos novos memorandos este mesmo processo tenderá a ser repetido: viralidade, aceitação generalizada ou inercia cultural e resistência a mudança.

Tudo isto gera uma enorme confusão nas vidas das pessoas e gera uma aparência de falsa dinâmica em certos sectores de uma sociedade e que se mistura com uma lassidão social total noutros sectores da sociedade, o que gera uma cada vez menor homogeneização da sociedade no que diz respeito à definição do que é o bem comum e qual é o destino colectivo dessa mesma sociedade.

Este é o sonho húmido das elites e dos oligarcas portugueses: confusão das pessoas e falta de sentido e clareza no que ao destino colectivo diz respeito.

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Grupos específicos aparentemente indeterminados, despoletaram os Panamá papers.

Um desconhecido chamado John Doe (ou uma agência de segurança e informações de um país..) adquiriu, via roubo electrónico, ao que se julga saber, os ficheiros de uma empresa privada de advocacia que se dedica à gestão de fortuna e a criação de offshores.
A empresa é obscura e cheia de sombras, transacciona para todos e com todos, e o escritório atacado situa-se, convenientemente, numa geografia controlada pelos norte americanos e pelos seus serviços de segurança e militares.

John Doe entregou os documentos digitalizados roubado a um consórcio “independente” de jornalistas. Constitui apenas um mero acaso circunstancial serem financiados por organizações ligadas aos centros políticos e estratégicos dos EUA e por fundações ligadas a interesses de oligarcas e de elites económicas e políticas com sede nos Países baixos, Noruega, e Reino Unido.

As fundações são elas próprios veículos jurídicos artificiais criados com o fim de se pagar menos impostos pelas actividades que se realizam em nome do objecto jurídico (muitas vezes fantasista…) dessas mesmas fundações.

Este consórcio “independente de jornalistas” sentiu-se autorizado a usar informação roubada, onde coexistem terceiros que não sendo eticamente inocentes apenas aproveitaram o regime jurídico injusto dos offshores, e onde coexistem criminosos (cujos dados até agora não foram revelados) e onde coexistem chefes de estado ou empresas que são inimigas dos EUA (dados revelados ou insinuados…).

O consórcio jornalístico “independente” não usou a sua independência para usar o seu bom senso e declinar servir de peão a esta estratégia. Serviu conscientemente de peão, servindo diligentemente quem lhe paga.

Estes bens roubados e divulgados – informação – serviram e servem para estes consórcios e as empresas de comunicação que deles fazem parte pudessem obter vendas mais elevadas e aumentarem a sua reputação como “jornalistas de investigação /meios de comunicação social” honestos e impolutos.

2016-04-25 - panama leaks -sabujice manipulativa

Esta actividade tem servido para a pratica do desporto da “selectividade à medida” e serve para transformar esta actividade numa tendência a ser considerada como sendo “os novos tempos “ que ai vem e aos quais devemos todos aderir.

Com posse destes segredos, seletividade das fugas e com estas tácticas a serem usadas isso possibilita a que a imprensa (e os interesses económicos por detrás) possa fazer deste tipo de casos um novo mercado.

O lançamento de cortinas de fumo e desinformação que aproveita apenas foi mercantilizado com esta acção (capitalismo de vigilância). Tornou-se apetitoso para toda a classe profissional de John Does mundiais a pratica da extorsão e da chantagem obtendo em troca de poder e lucro.

As possibilidades são imensas, uma classe de extorsionistas veste a capa da legalidade justiceira e pode ditar quem é ou não é um candidato à Presidência, ao governo, que empresa ganha ou não ganha um contrato, quem pode ser empresário ou não, que cidadão é estimável ou quem não é, embora depois as consequências práticas legais sejam nulas sobre os visados, dado que a legislação que existe “legaliza” os offshores.

Neo liberais e libertários portugueses clamarão que esta situação apresenta uma oportunidade de negócio visando criar protecções sob a forma de empresas – startups – que gerarão software (ou vaporware caro…) – que nos protegerá deste novo perigo (que está a ser propositadamente criado e deixado florescer…), a divulgação ou venda de informação sensível.

As ideias culturais (memorandos) são ideias inseridas nas sociedades por grupos específicos; grupos esses que tem muito a ganhar pela imposição dessas mesmas ideias como “norma padrão”, e um novo popular memorando foi criado.

Que quem determina o que é revelado são Jonh Does, acolitados por empresas de comunicação social, que se auto reservam o direito de dizer o que é divulgado ou não é divulgado e qual a seleção a fazer.

O principio da espada de Dâmocles chegou.

Tenta-se fazer passar a ser aceitável que isto seja o novo paradigma.
Que quem domina melhor os meios tecnológicos pode ser autorizado a difamar e a chantagear e a dizer o que é lei e o que não é lei.

Manifesto em defesa da banca portuguesa e do interesse nacional

2015-11-25 - rob riemen- 2012

Para que serve um banco?

Nas definições tradicionais plasmadas na economia dos manuais e nos manuais de economia, os bancos são entidades comerciais que emprestam dinheiro e cobram juros. Depois a economia desenvolve-se, (saber qual o conceito de desenvolvimento da economia que é aplicado e se é bom ou mau, parece não interessar… ) os cidadãos enchem-se de felicidade e passam a gostar muito do “regime político português” e continuam a apoiar “isto”.

Nas definições verdadeiras que (quase) todos nós sentimos no nosso dia a dia os bancos pagam impostos com taxas abaixo do legalmente autorizado para o cidadão comum (sendo que as taxas mais baixas de IRC para os bancos foram todas sancionadas favoravelmente pelo “ regime político português”…) e descontentes com tantas benesses (esquemas financeiros em offshores no que ao pagamento de impostos diz respeito) também facilitam conselhos sobre contas e como abri-las em paraísos fiscais para os clientes especiais ($) amigos e das famílias certas.

São os bancos democráticos?

São! Democraticamente colocam familiares, amigos, conhecidos, militantes com cartão de partido do “arco da governação” em lugares nos balcões, no “back office”, nos quadros intermédios, na gestão de topo.
Acaso existam esquecimentos ou falhas na colocação de algum filho família, ou jota partidário o generoso financiamento camuflado ou de forma cristalina e bem visível, das campanhas eleitorais dos partidos políticos assegura a supressão da falha. Subsequentemente, podem surgir, como flores na Primavera, lugares para conselhos de administração de políticos em fim de carreira ou em começo de carreira. Os assessores jornalistas amigos e demais espécies de ténias autóctones com quotas de lugares também ocorrem com frequência.

A decoração bancária é importante comercialmente?

Muito importante! Lugares decorativos servem para políticos e demais fauna associada colocarem as namoradas curvilíneas, siliconadas e geralmente louras platinadas (Embora fêmeas morenas do género ” Milf” ou “Teen” ou faunos homossexuais também possam ter quota atribuída…) Também os jotas com um neurónio e sotaque de Viseu ou de Massamá/Cascais aterram nos balcões em quantidades impressionantes. (Nos últimos anos menos porque o brilhantismo visionário da gestão bancária levou a “imparidades”; uma palavra altamente técnica que significa que geraram a criação de enormes prejuízos devido aos “martelanços” feitos nos balanços conjugados com erros clamorosos de gestão.)

O aprimoramento da decoração bancária não deve fazer-nos esquecer os altos responsáveis do Estado que colocam filhos e enteados, que, desorientados pelos vastíssimos corredores que levam aos gabinetes precisam de indicações paternas e de uma mão amiga lá dentro para os orientar na vastidão das sedes bancárias e nos gabinetes de análise (Os tais gabinetes de análise que falharam todas as análises sobre que opções de gestão tomar para evitar que levassem a “imparidades”….). É daí que vem a expressão popular ”a solidão do Gabinete antes de ser encontrado pelo Jota das cunhas ou pela loura siliconada”.

As boas famílias, as que falam com sotaque e se tratam por “você”, mesmo quando praticam coito em posição de missionário,(apenas para fins reprodutivos), são financiadas com empregos e cargos, (social corruption oblige…) e informação privilegiada. Depois podem “empreender” regularmente na economia porque existe uma “safety net” à disposição baseada na informação premium e nas “ costas quentes” privilegiadas por estas redes de capitalismo comunista para os insiders. Acaso existam esquecimentos ou falhas na colocação, um qualquer alto cargo nomeado para a administração publica em lugar estratégico que sirva os interesses providenciará qualquer coisa gulosa e apetecível, mediante troca de favores a combinar.

O despacho favorável, a legislação a favor, a portaria oportunista com virgulas estratégicamente colocadas, em defesa dos seus próprios interesses são um dado adquirido para as oligarquias.

Dai serem democráticos e estéticos: facilitam tudo o que faz mal à população, à democracia e à sanidade mental geral e fazem-no com estilo decorativo (perverso, mas estilo).

2016-02-07 centros decisao portugal

Qual a conclusão a retirar?

Somos abençoados com a dialéctica simbólica bancária: os bancos do regime quando os partidos políticos chegam ao poder executivo ( ganham as eleições porque foram autorizados e pré escolhidos a chegar ao poder executivo…) são os generosos benfeitores da governação de quem esteja de turno.
Quer directamente, via doações obscuras para as campanhas eleitorais, quer indirectamente via concessão de “credito financeiro” aos governos que estão a ocupar o turno (comprar divida publica, isto é, emprestar dinheiro ao Estado sem que exista racional económico para o fazer insere-se nesta lógica de corrupção…e compra..e troca de favores…)

A dialética é simples: a população perde, os parasitas ganham.

Há mais centros de distribuição de migalhas sem ser os bancos?

Nesta primeira divisão de armas económicas os bancos e respectivas empresas associadas reinam. Nas restantes divisões surgem depois as empresas do regime, monopolistas, ou semi monopolistas ou oligopolistas ou comunistas chinesas que ofertam prebendas, via troca de favores não escritos aos partidos do arco da governação e a todos os parasitas que gravitam ao redor. Esteticamente, as portas giratórias por onde ex-políticos profissionais, amadores, em estágio, ou das juventudes partidárias circulam num fluxo continuo que quase nos parece ser um ballet Bolshoi político em movimento, são lindas.

São lindas para quem aprecia. Não é esse o caso da Irmandade de Némesis.

Quais as doutrinas a seguir?

Não cabendo aqui discutir se o capitalismo é ou não um sistema válido a manter, deve-se referir que “este” capitalismo português é tudo menos válido. Aparentemente é um capitalismo de Estado tal como as facções neoliberais portuguesas pertencentes à tribo da direita política vomitam sem cessar, afirmando que deve ser terminado (e depois como é que essas facções ganhavam dinheiro fácil e adquiriam poder…alguém já explicou isto a estes pobrezinhos de espírito?), mas na realidade é um falso capitalismo.

É um capitalismo de marca branca e das péssimas fabricada em sweatshops do Bangladesh ou do vale do Ave, em que o capitalismo português/oligarcas e elites se tornaram parcialmente donos do Estado e apenas o usam em função dos seus próprios interesses.

realidade - coincidencia

E os clientes comuns da Banca , como são tratados?

São muito bem tratados! Quando os Bancos querem ganhar mais dinheiro de forma ilegítima e a-capitalista (para colmatarem os inúmeros erros de gestão e pagar as comissões aos parasitas oriundos das famílias amigas do costume…) abusam dos seus clientes criativamente inventando taxas, comissões, serviços a serem cobrados, preçários ultra elevados, portagens e restrição de direitos de acesso à compra de produtos, serviços ou negócios ,e/ou ameaçando e executando penhoras sem qualquer contemplação comportando-se em geral como um extorsionista de tipo mafioso.

E em matéria de concorrência comercial e regulação?

Pedem  Exigem ao Regulador servil, serventuário e geralmente rastejante (que já trabalhou na banca ou espera vir a trabalhar, ou tem amigos, filhos, parentes, fêmeas siliconadas aparte, a colocar, ou montes alentejanos debaixo de olho) que feche os olhos acaso exista alguma concorrência externa. Daí o mercado bancário ser objecto de constantes fusões entre players,sem veto dos reguladores…quando existem análises às posições de mercado dominantes é sempre aviado um “estudo técnico” que valida a fusão. O consumidor/cidadão perde a seguir.

Acaso o poder político de turno tenha um arroubo testicular momentâneo e decida aplicar regras mais duras e justas surge o acto de carpir.
Nas raras ocasiões em que isto acontece carpideiras do jornalismo e das empresas do regime num ritual retórico semelhante a uma missa irrompem pelas procissões de banqueiros que estão em movimento para irem carpir ao santuário mais próximo e numa união de facto todos se movem (uns fisicamente, outros a aviar propaganda na imprensa mainstream do regime…) em direcção ao sitio onde supostamente existirá um governo português. A expressão ”em defesa da manutenção em Portugal dos centros de decisão“ é sussurrada em uníssono, com fervor missionário.

Posteriormente, nada ilustres banqueiros com ar sério dirigem-se às massas ignaras em conferências de imprensa repletas de jotas do jornalismo ou louras siliconadas do jornalismo (também há quotas para morenas siliconadas e faunos homossexuais…mas em menor numero)  e explicam-lhes que os arroubos testiculares momentaneamente demonstrados pelo poder político são muito maus. Depois ameaçam com medo e insinuam que as contas dos particulares estão em perigo de serem saqueadas “por causa da perda dos centros de decisão nacional”. O resto das empresas de regime, nos dias e semanas seguintes, carpem a seguir, em uníssono, com fervor missionário “Em defesa da manutenção em Portugal dos centros de decisão”.

2016-02-08 centros decisao nacional- fim esta proximo

E fiscalmente?

Quando, no meio de tanta incompetência e má fé por parte dos bancos há erros fiscais que prejudicam os sacrossantos acionistas dos bancos (e os incompetentes ceo´s e equipas de gestão mais os seus bónus anuais generosos…) impedindo-os de ganhar 1000 e apenas fazendo ganhar 999, requerimentos chorosos são apresentadas nos lugares respectivos, e surgem despachos milagrosos que concedem isenções para, dessa forma, existir um regresso aos números dos lucros protegidos.

É a banca um sector protegido?

Obviamente! É artificialmente protegida da ira da população que é oprimida sistematicamente sobre este assunto, nada fazendo ou dizendo (até ficar sem dinheiro nas contas porque alguém da administração as mandou congelar roubar, para pagar os gigantescos erros de gestão dos ceo´s- são as imparidades…) e é protegida também pelo facto de os nossos políticos (quase todos no bolso de alguém ou apenas muito estúpidos – só há duas hipóteses aqui…) confundirem os interesses da banca com os interesses nacionais.

Autonomia e Estratégia

Como o Enclave e a Irmandade de Némesis têm vindo a demonstrar ao longo dos anos o actual debate nacional sobre o rumo a dar ao país reflecte em grande medida uma ficção. Não está de facto nada em debate. Ou dito de forma mais correcta o que está em debate por todas as forças políticas é apenas a forma e nunca a essência do sistema. E isto serve as elites de forma perfeita. Mantém as pessoas entretidas a discutir o sexo dos anjos enquanto as muralhas da cidade colapsam uma a uma. É verdade que alguns portugueses vão estando mais cépticos à medida que percebem os limites reais da nossa posição estratégica no mundo. Mas tristemente o efeito desta descoberta tende a ser a retirada do individuo da vida pública pois o cidadão desperto começa a desenvolver uma forte dissonância cognitiva face ao que o rodeia e ou é ostracizado ou acaba por se auto-exilar. As conversas que ouve e vê deixam de fazer sentido já que se entende que não têm qualquer relação com a realidade. Começa-se a ver as ilusões por aquilo que são, distracções para impedir que qualquer conversa nacional séria possa de facto existir. Começa-se a entender que os “princípios” e “ideologias” em grande medida não passam de capas retóricas com que se tapam os interesses mais cínicos de quem os defende ou na melhor das hipóteses conceitos vácuos que tentam mobilizar as massas para situações que ou são contra os seus melhores interesses ou não produzirão qualquer efeito. Tudo isto torna-se particularmente óbvio quando se discutem os modelos de desenvolvimento económico e as suas consequências políticas e sociais.

"The rationality of the ruled is always the weapon of the rulers." - Zygmunt Bauman

“The rationality of the ruled is always the weapon of the rulers.” – Zygmunt Bauman

As teorias económicas que estão em voga e que, teoricamente, visam optimizar os rendimentos das nações dos seus agregados empresariais insistem todas sobre um ponto, a especialização. Cada região deve focalizar-se apenas num elemento da produção de serviços ou produtos e importar o restante já que a dispersão por várias áreas não corresponderia a um óptimo económico (o máximo ganho de unidades monetárias pelo mínimo input de recursos). O corolário deste modelo é uma interdependência total dos países uns dos outros e necessariamente a fragilização de países mais pequenos e menos capazes de manter alguma diversidade de produção. Isto traduz-se em fórmulas econométricas que tentam expressar o risco associado à falha/colapso de um dos componentes deste sistema mais ou menos global. E como todas as fórmulas da economia clássica está sujeita a dois tipos de críticas: 1) O risco não se comporta de forma linear e o princípio base da económica clássica, ceteris paribus (e tudo o resto permanece igual), não tem validade, a instabilidade de um elemento toca na estabilidade todos os outros elementos e quanto maior o grau de interligação maior este efeito de contágio não intencional se torna – acaba por se tornar impossível ter uma ideia do risco real associado à maioria das falhas porque ele não respeita modelos matemáticos teóricos; 2) A interligação dos vários elementos deste sistema não divide o risco de forma equitativa, antes pelo contrário. Coloca grande pressão sobre os elementos mais pequenos que ao serem necessariamente mais especializados dependem apenas uma mão cheia de produtos ou serviços. Estão então duplamente dependentes. Dependem da manutenção de mercados externos muito específicos para escoar o seu excedente especializado e por sua vez dependem da existência da estabilidade de todos os outros mercados para assegurar a importação de todos os bens essenciais. Adicionalmente este sistema de avaliação de risco tende a ignorar que as grandes nações são indiferentes aos colapsos das pequenas nações mas que o inverso não é verdade, ou seja, a distribuição de risco não é apenas desigual como é mesmo inversamente proporcional ao poder económico e político de cada entidade nacional.

"It is not inequality which is the real misfortune, it is dependence." - Voltaire

“It is not inequality which is the real misfortune, it is dependence.” – Voltaire

Porque é que se seguiu este modelo de desenvolvimento? Porque a teoria alternativa caiu em desgraça. Diametralmente oposta a esta visão está a visão de autarquia – uma nação que organiza a sua vida económica no sentido de ser totalmente auto-suficiente. Há duas causas para o abandono deste modelo. Em primeiro lugar à medida que revolução industrial progredia e tecnologia se complexificava tornou-se claro que cada país não tinha a mesma distribuição de recursos naturais o que tornava a independência total como uma impossibilidade técnica. Em segundo lugar durante o século XX esta teoria de auto-suficiência extrema esteve associada a todo o conjunto de economias totalitárias (a Alemanha nazi é o caso mais óbvio) que exaltavam a nação de forna xenófoba e que viam as relações internacionais não apenas como o domínio da competição ou do conflito mas como apenas uma interminável guerra. Torna-se assim compreensível o abandono desta teoria em favor de uma que teoricamente daria lugar a menos tensões e conflitos e maximizaria os potenciais ganhos de cada nação. Mesmo os países que se sentem de alguma forma prisioneiros do sistema actual (a micro especialização) não encaram a autarquia como alternativa porque o choque de uma mudança de sistema causaria terramotos políticos, teria custos sociais elevados e seria questionável qual o nível de bem-estar que se poderia de facto proporcionar ao cidadão médio numa situação de autonomia total. Agora que o velho modelo continua descredibilizado e o novo parece estar próximo dos seus limites naturais e as suas falhas sistémicas começam a estar expostas as ansiedades populares sobre modelos de desenvolvimento credíveis e duráveis começa a aquecer já que não existe nenhuma nova ortodoxia no horizonte para substituir o que existiu até ao momento.

"For developing countries, free trade has rarely been a matter of choice; it was often an imposition from outside, sometimes even through military power. Most of them did very poorly under free trade; they did much better when they used protection and subsidies. The best-performing economies have been those that opened up their economies selectively and gradually." - Ha-Joon Chang

“For developing countries, free trade has rarely been a matter of choice; it was often an imposition from outside, sometimes even through military power. Most of them did very poorly under free trade; they did much better when they used protection and subsidies. The best-performing economies have been those that opened up their economies selectively and gradually.” – Ha-Joon Chang

De que adianta debater e discutir quando de facto não se quer sequer admitir os limites de cada uma destas escolhas e não se pondera a situação estratégica específica de Portugal? É útil colocar os termos do debate sobre uma forma partidária? Útil para quem? Há noção das consequências caso se queira desbravar novos caminhos? Há uma cultura de liderança política forte o suficiente para assumir esse risco? Existe vontade e coragem popular para aceitar de frente os imensos riscos quer para permanecer num modelo económico esgotado quer para explorar outras alternativas? Em última análise temos que ser extremamente cépticos quanto a qualquer possibilidade de mudança real que não provenha de um desastre exógeno, algo além do nosso controlo e iniciativa. Quer no topo quer na base a nossa sociedade tem falhas graves que nunca foram colmatadas e que nos tornam incapazes de tomar escolhas estratégicas coerentes. A Irmandade de Némesis recomenda a todos os cidadãos despertos (sejam membros ou não) cuidado em se envolverem no “debate” nacional, não nos devemos guiar por ficções e interesses alheios ao país. Só uma renovação dos valores da esfera pública pode trazer a revitalização necessária para voltarmos a ser capazes de fazer escolhas independentes e relevantes.

Os mentirosos são um exército internacional e Portugal tem a sua filial

Plunderers of the world, when nothing remains on the lands to which they have laid waste by wanton thievery, they search out across the seas. The wealth of another region excites their greed; and if it is weak, their lust for power as well.   Nothing from the rising to the setting of the sun is enough for them. Among all others only they are compelled to attack the poor as well as the rich. Robbery, rape, and slaughter they falsely call empire; and where they make a desert, they call it peace.”

Tacitus, Agricola

     "We run carelessly to the precipice, after we have put up a façade to prevent ourselves from seeing it.”     Blaise Pascal


“We run carelessly to the precipice, after we have put up a façade to prevent ourselves from seeing it.”
Blaise Pascal

Os mentirosos são um exército internacional.

A capacidade de internacionalizarem a mentira motiva-os para a promoção da expansão  das sucursais de mentirosos em vários países. Os ganhos de eficácia dessa opção permitem o alastrar da corrupção e da mentira financeira e económica e adicionalmente proporcionam  o enraizamento de alavancas regionais de poder.

Mesmo os pardieiros suburbanos periféricos europeus, como Portugal, são considerados como “aptos” a terem cá uma sucursal de pequenos mentirosos – a elite de pretores locais – que propaga a mentira, dissemina a injustiça, corrompe os pontos débeis do sistema político e social e destrói o valor destes.

Nos últimos 4 anos (2011-2015) a sucursal do pequeno exército de mentirosos de nacionalidade portuguesa, (mas só nisso tem nacionalidade portuguesa, dado que os chacais declinam nacionalidades) tem roubado ou promovido o roubo, destruído ou promovido a destruição, anarquizado este país de forma violenta e brutal.

Os custos estratégicos desta aventura neoliberal/neocleptocrata patrocinados localmente e directamente pela tribo da direita política e indirectamente pelas omissões constantes e “olhar para o lado” por parte da tribo da esquerda política são ainda maiores do que os custos sociais e económicos.

O pardieiro que dá pelo nome de Portugal foi declarado “no man´s land”, num qualquer laboratório de experiências sociais e económicas, e a política de terra queimada seguida tem mesmo como objectivo incapacitar de forma permanente este local.

É um “Trial run” oligárquico-internacional para verificar e monitorizar como se pode subverter e destruir um pequeno pardieiro periférico europeu e se isso gera reação oposta, de quem e de que tipo e por que meios.

Os aliados locais estrategicamente colocados no terreno, fazem o seu trabalho. Um conjunto geneticamente selecionado de traidores oriundos das classes sociais consideradas e declaradas como sendo as “certas” ajuda a promover esta agenda.

Isto é guerra de classe promovida contra a generalidade da população.

Existem enganos de apreciação sobre este assunto e condescendência nacional porreira sobre isto.

Os membros da Irmandade de Némesis recusam estar no negócio do nacional porreirismo e declinam a condescendência.

O leitor que ainda está ai, vive mesmo convencido que o radicalismo da linguagem deste texto e a dureza da mesma são desproporcionais em relação ao que se passa e passou nos últimos 4 anos?

Lamento escrever assim, mas está em negação. A seriedade da situação obriga a concluir que não vai ser o pensamento mágico dos mantras do crescimento exponencial prometido que virá a resolver problemas.

Apenas os conglomerados bancários verão os seus específicos problemas resolvidos, nunca a população.

A injustiça é irreparável dentro das regras deste sistema.

Pontos de não retorno foram quebrados.

O pequeno exercito de mentirosos locais formalmente de nacionalidade portuguesa tem apoiado tudo o que os overlords lhes prometem pagar em benefícios (imaginários) mais a frente.

Enquanto sociedade estaremos mesmo interessados em ajudar a promover interesses comerciais de conglomerados bancários aliados aos desejos gananciosos dos pequenos mentirosos das sucursais locais para nosso desfavor?

“One of the necessary accompaniments of capitalism in a democracy is political corruption.”

Upton Sinclair

realidade - coincidencia
As guerras à discrição e discricionárias promovidas pelas elites ocidentais são constantemente apoiadas de facto ou simbolicamente pelas elites de poder portuguesas, e pelos meios de comunicação social a soldo, sem que exista qualquer razão válida geo estratégica ou outra que o justifique. (a pequena sucursal de província, o pardieiro congelado no espaço e no tempo, segue acríticamente as ordens da sede mãe, até ao dia em que a sede mãe mandar fechar as portas da pequena sucursal de província…abandonando-a a sua sorte…)

Isto chama-se vassalagem.

A população nunca autorizou a que se falasse em seu nome para que esta aceitasse estes acordos de vassalagem. Estes ou outros.

Isto deve ser claramente afirmado!

Tratados secretos negociados em sítios escondidos por pessoas sem rosto são omitidos da discussão e debate públicos em Portugal, sem que as tribos políticas da esquerda e da direita se dignem a ficar incomodadas. (A situação é boa para ambas as partes, que assim podem brincar aos tratados de Tordesilhas tendo como objecto a dividir – a população portuguesa)

Compreende-se, se quisermos compreender…

Isto chama-se traição.

O acordo tácito é simples: será talvez melhor que não se fale destes assuntos, não vá dar-se o caso de a generalidade da população começar a perceber que está a ser traída da forma mais abjecta possível e verifique que os seus filhos e netos foram entregues para abate e venda no futuro mercado de gado para humanos…

 

Isto chama-se pulhice.

tratado tordesilhas - enclave

Duas correntes políticas supostamente opostas concordam com futuras formas de opressão a serem exercidas sobre a população e consideram que são donos da população e dos votos que esta deposita nas urnas.

Isto chama-se conluio para obter resultado pré determinado e favorável.

Bolhas gigantes especulativas assentes na criação artificial de papel moeda ou na manufacturação de bolhas especulativas nos mercados imobiliários e financeiros são saudadas como sendo “a recuperação da economia”, o “ crescimento” e a “criação de emprego”.

Hossanas na alturas. A bem da nação. Promulgue-se.

Nestas brincadeiras financeiras mascaradas de keynesinismo benigno são inexistentes quaisquer formas de crescimento verdadeiro, equiparado a crescimento real de coisas tangíveis, mas que importa?

O verdadeiro objectivo é manter a ilusão sobre os portugueses, que, de resto, vão atrás da onda e nem percebem que a onda está a formar uma nova tempestade maior que os vai afogar…

Basta reparar que, no mês de maio de 2015, a publicidade comercial oferecendo crédito ao consumo, ou crédito à habitação, ou a compra de novo carro está ai em força.

O lento aumento (totalmente artificial) do preço de casas de habitação e terrenos, demonstram que o circo da bolha especulativa chegou de novo à cidade sem que existam quaisquer fundamentais económicos que demonstrem que há mercado (isto é, consumidores reais com poder de compra real) que possam entrar de novo neste carrossel com capacidade de pagarem.

Entretanto, o valor real dos bens é desvalorizado, permitindo a quem tem capital, adquirido a juro baixo ou inexistente (juro zero ou próximo) a aquisição de bens por preços artificialmente baixos.

O controlo que dai advém sobre a população é óbvio.

Isto chama-se pulhice financeira.

carta monopolio 3- enclave

Mercados financeiros ou outros armadilhados para que os mesmos que os armadilham (os insiders) sejam sempre os vencedores.

Nestas ocasiões as cartilhas retóricas das tribos da esquerda política e da direita política entram em menopausa sabática.

Responsabilidades sobre capitalistas que causaram danos ao sistema são inexistentes. O menu “a la carte” para atribuir culpas é utilizado mediante os princípios do momento.

Como disse alguém famoso: eu tenho princípios, mas se não gostar dos que tenho,  arranjo outros.

Isto chama-se compadrio consciente e deliberado para criar uma nova geração de vitimas financeiras de um sistema pré viciado.

E aumentar sempre a dependência da população.

Quando os problemas, por mero acaso ou HUBRIS - CEREBRO - HALTEREShubris, emergem ou já não podem ser mais escondidos, perdões de divida simpáticos desenhados por políticos ou juízes amigos para ilibar de problemas uma certa classe social e económica que parasita desde o inicio dos tempos surgem como coelhos da cartola de um qualquer mágico.

Se a percepção da população sobre os perdões de divida simpáticos for negativa; a população é atacada e condicionada na sua cidadania e na formação das suas opiniões.

Surge o discurso judaico –  cristão da penitencia e da culpa para a população e o discurso “ foi azar, os mercados não foram favoráveis ” para justificar os perdões de divida simpáticos para os amigos e protegidos.

Outra forma usada de penitencia sadomasoquista é a exigência feroz de austeridade “publica”, ad eternum, e paga pelo público…

Isto chama-se filosofia da expiação dos pecados próprios, dos outros e da Humanidade sem tempo temporalmente definido para terminar.

Isto chama-se “divida de gratidão eterna” nunca reembolsável e apenas existente para criar dependências entre uma maioria de pessoas para com uma minoria de pessoas.

Isto chama-se psicopatia e quanto mais cedo percebermos que há psicopatas em lugares de poder, melhor será, para assim nos livrarmos deles mais rápido.

Esta dependência é ilegítima. Para escrever o mínimo.

Venda de bens públicos para supostamente pagar dividas ilegítimas criadas com base num sistema demencial e ré subvertido e assim desarmar a população constituem outro ataque feroz à autonomia individual e colectiva do pardieiro local, patrocinada pela sucursal local dos exércitos de mentirosos.

Devemos deixar que traidores locais nos entreguem para abate,libertando-se a si próprios de culpas?

O leitor que ainda está ai, está mesmo convencido que o radicalismo da linguagem e a dureza da mesma são desproporcionais em relação ao que se passa e passou nos últimos 4 anos?

exercito mentirosos locais - enclave

O negócio dos cleptocratas oligáquicos, do exército de mentirosos, dos cortesãos associados é simples e é um ataque extremamente hostil contra a população portuguesa.

Quem é rico ou tem poder ou ambos, cria divida e não a paga.

Quem é pobre ou de classe média (a que ainda existe) paga a sua parte das dividas e a parte de quem é rico, num acordo imposto com base na chantagem social, na intimidação, na coaçcão a uma população que é traída e na sua grande maioria recusa perceber que foi traída.

Esta é a política económica da pilhagem e da transferência de riqueza de quem menos tem para quem mais tem.

Querem criar um deserto e chamar-lhe paz.

Nos cemitérios há paz.

A Irmandade de Némesis nunca morre!

“One of the necessary accompaniments of capitalism in a democracy is political corruption.”
― Upton Sinclair

Pessoas sem dividas: os piores inimigos da tirania e do Status Quo

 Umberto Calvini: [In explaining the “true” nature of banking in the world] The IBBC is a bank. Their objective isn’t to control the conflict, it’s to control the debt that the conflict produces. You see, the real value of a conflict, the true value, is in the debt that it creates. You control the debt, you control everything. You find this upsetting, yes? But this is the very essence of the banking industry, to make us all, whether we be nations or individuals, slaves to debt. 

A maquina de criação de conflitos artificiais assentes em pressupostos sociais e económicos requer que os cidadãos sejam escravos de dividas.

Consequentemente, qualquer cidadão que recuse ter dividas, isto é, que tenha uma política de convicções pessoais assente nesse principio, independentemente do sacrifício pessoal ou familiar que tenha que sofrer, faz com que, através dessa atitude, toda a maquina de criação de divida passe fome.

Ficam impossibilitados de controlar a divida e de controlarem tudo a ela associado.

Queremos mesmo, enquanto sociedade, permitir que forças sinistras criem conflitos para melhor controlarem a divida dai resultante e depois oprimirem-nos?

Inversamente, qualquer cidadão que tenha dividas, está a alimentar a maquina de criação de divida e a ser por ela controlado. Os seus direitos cívicos e políticos são postos em causa e negados. O controlo exercido sobre uma percentagem de cidadãos limita indiretamente a liberdade dos outros cidadãos que não estão debaixo de divida.

Todos perdem.

Queremos mesmo, enquanto sociedade, permitir que forças sinistras promovam a divisão social e económica, atacando a democracia, e neguem “por associação” de quem não tem divida a quem tem divida; os direitos de todos os cidadãos?

O cidadão que recusa ter dividas, esse “Ser estranho e inquietante”, segundo o paradigma vigente considera a divida como algo que nunca quer ter, ou caso a tenha,(hipoteca de casa onde vive, por exemplo) pensa sempre nela como um pequeno mal necessário.

A ser reembolsado  o mais rapidamente possível e com a menor transferência de dinheiro em penalizações (juros) possível para as entidades parasitas, as mesmas que tem trabalhado para organizar a sociedade desta forma iníqua.

Os cidadãos livres de dividas são criados pelas seguintes condições.

Razões culturais e familiares – pessoas cujos valores culturais e familiares abominam a ideia de pedir dinheiro emprestado e pagar juros de divida.
Razões de memoria e historia pessoal – pessoas que no passado já pediram dinheiro e ficaram negativamente marcados pela experiência que juraram nunca mais repetir.
Razões ideológicas – pessoas que encaram a divida como um instrumento opressivo, que favorece o atual status quo económico e social iníquo, interpretam a situação percebendo que a cultura de lançamento de créditos (divida) sobre a sociedade é uma arma camuflada de repressão e de opressão, de controlo e de exploração.
Razões de aquisição patrimonial e zero risco – pessoas que percebem que pagar divida e deixar de ter divida é a forma mais fácil de ganhar uma vida de zero risco financeiro e obter  retorno financeiro com o próprio dinheiro.

“[Credit is a system whereby] a person who can't pay, gets another person who can't pay, to guarantee that he can pay.” ― Charles Dickens, Little Dorrit

“[Credit is a system whereby] a person who can’t pay, gets another person who can’t pay, to guarantee that he can pay.”
― Charles Dickens, Little Dorrit

Quando paga 12% de juros pelo simples uso de um cartão de crédito ” oferecido” (o presente envenenado) por uma entidade financeira isso constitui o equivalente a que 12% do seu rendimento seja desviado para alimentar os parasitas do sistema e do status quo.

(Note-se, aliás, que há uns anos atrás, a taxa de juro era de mais de 30% e nunca se podia baixar, porque, garantiam os ” especialistas” que louvam este sistema, só assim se poderia cobrir os custos e gerar lucros. Com a recente crise o nível da parasitagem baixou,mas continua a existir).

Então, coloca-se a questão.

Porque é que os cidadãos livres de dividas não são louvados como exemplo a seguir?

Apresentar cidadãos sem dividas como sendo bons exemplos e como o comportamento a seguir, corta o “fluxo“ de bons relacionamentos entre a imprensa financeira mainstream e corta os lucros de toda esta gente.

Existem muitas canetas de aluguer à solta, muitos ventríloquos a fazer eco das mensagens que lhes são pagas, em géneros ou em dinheiro, que louvam os benefícios de se pedir dinheiro emprestado.

Dito de outra forma.

Como podem os bancos comerciais e outros parasitas financeiros fazer dinheiro com quem não pede empréstimos?

Não podem.

Esse é um dos problemas centrais por detrás da exigência absurda de que se mantenham as teorias da austeridade a funcionar – com o correspondente serviço de divida

O atual sistema, o status quo que está em vigor é mantido contra todas as razões lógicas para tal, mas para ser mantido tem que viver da divida extraída dos servos da divida  estes são na sua quase generalidade os cidadãos.

Os lucros da manutenção deste sistema parasítico e absurdo são posteriormente reciclados e reentram no sistema para beneficio ilegítimo dos próprios e aumento do seu poder e riqueza, e servem, adicionalmente, para pagar aos micro exércitos de lacaios  e sequazes – a comunicação social, academias e Universidades e demais lacaios que argumentam e defendem o reforço do poder dos bancos e dos derivados tóxicos deles.

Acaso se fale em reestruturar a divida. Em deixar de pagar, em mudar o sistema. Quer-se mesmo fazer isso?

Admitamos que sim, que a generalidade das pessoas quer fazer isso.

Uma das soluções poderosas para o fazer é ficar fora do esquema de dividas. Não pedir dinheiro emprestado e pagar as dividas que se tenha o mais depressa possível.

Em Portugal, as tribos políticas da esquerda e da direita, nunca falam deste assunto.

Retire-se conclusões em relação ao porquê desta “omissão”…

“In fact this is precisely the logic on which the Bank of England—the first successful modern central bank—was originally founded. In 1694, a consortium of English bankers made a loan of £1,200,000 to the king. In return they received a royal monopoly on the issuance of banknotes. What this meant in practice was they had the right to advance IOUs for a portion of the money the king now owed them to any inhabitant of the kingdom willing to borrow from them, or willing to deposit their own money in the bank—in effect, to circulate or “monetize” the newly created royal debt. This was a great deal for the bankers (they got to charge the king 8 percent annual interest for the original loan and simultaneously charge interest on the same money to the clients who borrowed it) , but it only worked as long as the original loan remained outstanding. To this day, this loan has never been paid back. It cannot be. If it ever were, the entire monetary system of Great Britain would cease to exist.”
David Graeber, Debt: The First 5,000 Years

O neo feudalismo neoliberal

A elite de poder portuguesa, entendida em sentido depreciativo, vive erradamente convencida que a ordem social depende da existência de classes sociais privilegiadas que auto definem essa mesma ordem e que mantém pela força e pela coação essa mesma ordem.

A elite de poder portuguesa, durante várias centenas de anos, tem assombrado este país com estes conceitos absurdos cuja legitimidade democrática é inexistente.

Tentou sempre impo-los  através do uso de força despótica direta ou através de manobras encobertas, visando, por um lado, aumentar o seu poder, e por outro, impregnar de  totalitarismo larvar e seminal toda a população, corrompe-la.

Se nas ordens sociais mais baixas existir “contaminação” pelos conceitos absurdos – as doenças que a elite de poder tem e despeja sobre a população – e a essa contaminação se juntarem os defeitos próprios das classes mais baixas temos o insulto e a injuria agregados num único problema mas em tamanho maior e o principal criador desses problemas são as elites de poder portuguesas.

Enquanto sociedade, queremos ter que lidar com menos problemas e menores, ou com mais problemas e maiores?

 Estratégias de Legitimação Organizacional Adaptado dos trabalhos de (Dowling e Pfeffer , 1975; Lindblom, 1994) “If individuals do not occupy their legitimate position, then it will be occupied by a god or a king or a coalition of interest groups. If citizens do not exercise the powers confered by their legitimacy, others will do so.


“If individuals do not occupy their legitimate position, then it will be occupied by a god or a king or a coalition of interest groups. If citizens do not exercise the powers confered by their legitimacy, others will do so.  – John ralston saul

 Esta contaminação tem como objetivo destruir quaisquer valores éticos exteriores àqueles que a elite de poder defende. Nada fora da  fossa séptica onde estão os podres valores próprios das classes sociais, políticas e económicas que constituem as elites de poder portuguesas deve subsistir.

Se algum acaso estranho ditar que alguém se lembre de questionar estas classes de parasitas oriundos da elite de poder, acerca da efetividade dos resultados da aplicação das suas teorias ilegítimas, ou, usando o jargão pseudo neo económico oriundo das diversas seitas e sub seitas dos padres da economia, dos abades da gestão e dos monges do coaching interpessoal que pululam por aí e estão sempre a soldo de alguém ou do bolso de alguém; qual é a “produtividade” e o “ganho de eficiência” pela adoção destas ideias pseudo estratégicas aplicadas ao país e à população do país, o que se verifica é que as supostas elites de poder cá do sitio ficam imbecilizadas e amuam, e nunca respondem à pergunta ou fogem de responder.

Enquanto sociedade, queremos permitir que existam classes sociais, políticas, profissionais, que se auto isentaram de assumir responsabilidades relacionadas com a porcaria que fazem e sobre as quais são inexistentes controlos políticos oriundos da população?

 Heaven cannot brook two suns, nor earth two masters. Alexander the Great

Heaven cannot brook two suns, nor earth two masters.
Alexander the Great

A razão para esta atitude de amuo das elites é simples e divide-se em duas partes.

A primeira é a ideia de responsabilidade/accountability que é uma ideia de controlo que só deve ser aplicada sobre a população, nunca sobre os vermes da suposta esfera superior da sociedade (auto isentam-se através da imposição de poder social, económico e político incontrolado pela população).

A segunda é a ideia de manter as aparências que é uma ideia de controlo das perceções da população que tem sido aplicada, mas cuja densidade e eficaz opacidade começam a ser difíceis de manter.  (A camuflagem que afirma  que esta maneira de fazer as coisas funciona está a dissipar-se e a porcaria começa a ver-se e ela é muita, é muito suja e difícil de limpar.)

A elite de poder portuguesa é estúpida e autocrática, vive auto centrada dentro dos condomínios habitacionais, sociais, políticos e económicos fechados onde se encerrou para evitar misturar-se com a população, não fosse dar-se o caso de a população se chatear a sério e começar a exigir que as formas de ilegitimidade existentes nesta sociedade fossem expostas, primeiro, e eliminadas, depois.

2014-12-12 -4 FORMAS DE LEGITIMIDADE - 2

Começando a perceber que este jogo de manipulação está a ser perdido, a elite social portuguesa decidiu há umas décadas atrás “modernizar-se.

Pedinchou subservientemente junto dos aliados externos do país e equivalentes elites rançosas ocidentais novos conhecimentos de marketing sociológico e político, para estar a “par” com o que se fazia lá fora e para prevenir o fim do sonambulismo cá dentro.

Ironicamente, podemos afirmar que se suspeita que o slogan turístico ” Vá para fora, cá dentro” tenha ramificações nesta forma de ver as coisas….

Indo para fora, para obter conhecimentos para ser cá dentro mais ilegítima e anti democrática a elite portuguesa (no sentido mais depreciativo possível do termo) decidiu, embrenhada que estava no mar de conselhos ilegítimos e subornos intelectuais e/ou em espécie, fazer localmente uma fusão de conceitos.

Ironicamente, podemos afirmar que se suspeita que o slogan vazio de significado” Pensar global, agir local ou vice versa” tenha ramificações nesta forma de ver as coisas…

Qual é a fusão de conceitos anti democráticos e ilegítimos?

Junta-se feudalismo, e faz-se uma “atualização” de uma teoria arcaica com pelo menos 600 anos de idade e decrepita e junta-se isto ao (neo) liberalismo. As piores derivações sociais e políticas de ambos os sistemas estão a ser fundidas e estão a começar a fundir-nos a quase todos.

O que temos atualmente em funcionamento, em Portugal, mas também no ocidente é um magnifico arranjo para alguns ( no sentido mais bordel depreciativo possível que se possa conceber) entre o neo feudalismo e o neo liberalismo, dois escarros ideológicos abjetos.

Qual é a posição semi oficial, meta oficial, pluridisciplinar oficial das tribos da política acerca deste assunto?

Quer a tribo da esquerda política, quer a tribo da direita política tem apoiado, de direito e de facto, por omissão ou gratidão, a implementação dos escarros ideológicos acima descritos com a convicção de obrigatoriedade e a estupidez normalizada que as caracteriza, misturadas com um sabor de corrupção ética muito própria.

Politicamente, dentro destas sub correntes políticas, ou lá o que são…há muitos lacaios com mentalidade de lacaio, há muitas pessoas que  foram compradas, adquiridas e pagas, há exércitos de medíocres narcisistas e ultra egocêntricos, logo e como tal, porque é que a elite de poder portuguesa, como boas marionetas que são de interesses exteriores ao país e à população, não deveriam ter contaminado também as tribos políticas?

The danger is not only that these austerity measures are killing the European economies but also that they threaten the very legitimacy of European democracies – not just directly by threatening the livelihoods of so many people and pushing the economy into a downward spiral, but also indirectly by undermining the legitimacy of the political system through this backdoor rewriting of the social contract.

HA-Joon-Chang

Como o neoliberalismo (ainda) tem – neste momento histórico em que vivemos – a supremacia cultural, vomita hegemonicamente os seus preceitos culturais abjetos.

A crença dos retardados que já foram adquiridos pagos e comprados ou estão na fila para o serem e defendem a imposição disto explica-se da seguinte maneira.

Parece que os mercados “são livres”. Como os mercados são livres quem neles participa também é livre. Nesta historia encantada também parece que a sociedade e a ordem social são livres. Tese – antítese – síntese.

Saindo uma pessoa do abrigo anti nuclear onde se refugiou para não ser esmagado com tanta liberdade, começa a reparar que os retardados  que defendem estas teorias e estão a soldo, esquecem-se sempre de mencionar que os “insiders” que dominam a sociedade “livre” tem – “numa sociedade livre” – acesso a credito, isto é a dinheiro e a informação sobre o que fazer com esse dinheiro, e usam-no para obter mais dinheiro e poder.

Trata-se de um leilão social-económico viciado, onde as regras estão afixadas na entrada: todos podem concorrer ao leilão, mas chega a uma altura que os que tem acesso ao credito fácil, isto é, a serem financiados pela portas de trás deste sistema e como são “insiders” vencerão o leilão.

Os restantes que foram convidados, apenas o foram para servirem de figurantes e perderem e,em paralelo, servirem de validadores oficiais do sistema de liberdade da historia encantada descrita parágrafos acima.

     "We run carelessly to the precipice, after we have put up a façade to prevent ourselves from seeing it.”     Blaise Pascal


“We run carelessly to the precipice, after we have put up a façade to prevent ourselves from seeing it.”
Blaise Pascal

Neste conceito de “mercado falsamente livre”, uns podem obter vantagens totais por trabalharem em plena capacidade ( leverage) e podem assim ultrapassar todos os outros e investir vantajosamente. (deve ser a isto que os padres da economia, os monges da gestão  e os abades do coaching se referem como sendo ” capacidade competitiva…”).

Já os restantes (os outros) que dependem de rendimento que adquiriram (pouparam) para posteriormente o investirem estão e são bloqueados.

A capacidade de quem vive apenas do seu ordenado para adquirir bens que pressuponham rendas – arrendar casa, comprar terra arável, desenvolver projetos agrícolas ou industriais por iniciativa própria tornam-se bloqueios insuperáveis para os ganhadores de ordenado.

Os que vivem de ordenado ou poupanças descobrem estar a concorrer com “os uns” que vivem de terem vantagens totais por conseguirem trabalhar em plena capacidade…

Queremos mesmo viver numa sociedade onde se fala em “mercado e liberdade”, mas onde existem regras ocultas destinadas a favorecer sempre “insiders”; o contrário de liberdade económica?

Big oil, big steel, big agriculture avoid the open marketplace. Big corporations fix prices among themselves and thus drive out of business the small entrepreneur. Also, in their conglomerate form, the huge corporations have begun to challenge the very legitimacy of the state.

gore vidal

 

Os insiders, os lacaios , os associados, as elites tem os mecanismos que lhes permitem aceder a credito, isto é, a dinheiro em quantidades enormes, e esse dinheiro é móvel e incontrolável.

Foram “libertados”  – para usar o jargão neoliberal  – de terem que competir no mercado tal como todos os outros e usam essa adquirida liberdade para prejudicar todo o restante da sociedade.

Vivem colocados numa confortável posição de gestores de monopolios rentistas com rendimentos altos garantidos e poder económico e social indisputado e ilegítimo.

Monopólios rentistas esses cujo rendimento deles obtido não é derivado de qualquer atividade produtiva, mas sim pela arrendamento desses bens a terceiros.

Os terceiros são a população.

2014-12-12 - 4 FORMAS DE LEGITIMIDADE - 1

Quais são as consequências praticas disto?

A economia e a sociedade portuguesas estão a ser “desenvolvidas com o objetivo de controlar a população” e não com o objetivo de desenvolver esta sociedade.

Suponhamos que as elites financeiras começam a açambarcar massivamente todos os bens de que a população necessita. Agua, casas, terrenos, produção. (Algo que tem sucedido em massa desde o ano de 2011, algo que antes sucedia a ritmos menores…)

É  nesse contexto que se inserem os recentes incentivos ao arrendamento de casa e não à posse de habitação própria. Contudo, mesmo em profunda recessão nem sequer os salários baixos conseguem criar um controlo total e permanente desta situação.

Recorre-se a outra solução. Colocar a população em estado de divida permanente. Dessa forma elimina-se a possibilidade de a população se poder autonomizar e, caso o queira, conseguir sobreviver fora da alçada deste sistema.

É a economia de controlo das pessoas, orientada para que as pessoas sirvam as grandes corporações monopolistas e os interesses privados que capturaram o Estado. Acaso alguém saia deste sistema de controlo, é crescentemente atrofiado e bloqueado pela elite de poder e pelos lacaios arregimentados.

Deixou de ser o dinheiro que conta primariamente, mas sim o controlo de bens tangíveis dos quais o acesso a bens essenciais para a vida das pessoas são controlados por corporações.

Se a vida das pessoas for assim controlada e se as pessoas estiverem carregadas de dividas reais ou simbólicas, a população fica em estado de servidão e esses servos estarão demasiado ocupados a servirem o pagamento das dividas que tem, não podendo dessa forma questionarem este arranjo social-económico e não conseguirão resistir-lhe.

O feudalismo implica servidão ao senhor feudal. Agora quer-se o novo feudalismo: a servidão aos interesses corporativos e lacaios associados.

It is easier to resist at the beginning than at the end.” Leonardo Da Vinci

It is easier to resist at the beginning than at the end.”- Leonardo Da Vinci

A única forma de resistência das pessoas nas ordens baixas da sociedade ou de todos os que, não estando nessas ordens baixas abominem, sintam nojo e desprezo pela tirania que emana da elite de poder e dos lacaios arregimentados será através de auto-esforço, previsão, disciplina e planeamento no sentido de se defenderem e aos seus bens deste ataque insidioso feito pelas elites de poder.

O problema está, contudo, no facto de estas características estarem pouco espalhadas pela generalidade da população. Esta tem-se esquecido de quem é, e estas características tem sido algo que tem sido erodido e desgastado na economia de mercado apenas vocacionada para o consumo que glorifica e promove a gratificação instantânea. O curto prazo.

O ” Ser” e a noção de Ser são reduzidas a um ato de consumo. O cidadão é transformado em consumidor,(perdendo direitos nessa alquimia falsa), e depois, como consumidor, é alvo de uma lavagem ao cérebro. É assim colocado numa posição em que nem tem dinheiro, nem os recursos/ferramentas culturais necessárias para adquirir capital tangível e conhecimento/capital social.

A aplicação destas técnicas visando a promoção da glorificação instantânea assegura que o consumidor das ordens baixas da sociedade, (e das medias altas também)  nunca terá hipótese ou os meios de escapar a este ” esquema neofeudal – neoliberal.

Dai ser fundamental para a promoção desta tirania, a existência de uma sociedade onde existe divida baseada no  consumo orientado para a gratificação rápida.

O mecanismo psicológico da sociedade neo feudal – neoliberal pede a validação – só serás cool” (só serás reconhecido como alguém na nova ordem neo feudal – neoliberal) se consumires e te endividares para consumir.

 There is massive propaganda for everyone to consume. Consumption is good for profits and consumption is good for the political establishment. Noam Chomsky


There is massive propaganda for everyone to consume. Consumption is good for profits and consumption is good for the political establishment.
Noam Chomsky

Isto dura até ao próximo ciclo de novos produtos onde o jogo volta de novo a continuar.

É isto que explica por exemplo que estando este país e grande parte da sua população em profunda crise, se continue – nos estabelecimentos legalmente autorizados – a oferecer credito ou formas de credito  a consumidores que já esgotaram o anterior ciclo de produto e não tem sequer capacidade para entrar num novo.

Quando a população/consumidor é incapaz de consumir porque o seu credito dentro deste sistema faleceu, são ” desvalidados ” da sua aptidão para viverem nesta ordem neo feudal – neoliberal.

Os “desvalidados” que ainda tem dinheiro entram no ciclo de produto – psiquiatras-psicólogos-terapeutas – em si mesmo uma forma de consumo, um novo ciclo de produto psicológico, um novo mercado que explica o que se deve fazer para voltar ao sistema de validação do neo feudalismo – neoliberal  e ser reintegrado no novo ciclo de produto.

Alguns dos que não tem, ou encaixam pessoalmente o desaire e pensam em sair deste ciclo, (muito poucas pessoas) ou tornam-se criaturas mais politizadas e protestam ou resignam-se sabotando pela inação.

Outros que não tem, emigram para procurarem novas formas de validação do consumo noutro local para evitarem a fome e a miséria, mas também o desgaste psicológico e a vergonha familiar/de vizinhança que a recente situação de ” desvalidados” lhes trouxe.

Outros dedicam-se ao crime ou a atividades para ilegais.

Como sociedade, queremos mesmo ser escravos dos desvios psicopatas das elites de poder?

Como sociedade, queremos mesmo viver debaixo de um dualismo ilegitimo e anti democrático simbolizado pelo neo feudalismo – neo liberalismo?

A Irmandade de Némesis diz que não.

Os sapatos sociais

“” Order is the barrier that holds back the flood of death. We must all of us on this train of life remain in our allotted station. We must each of us occupy our preordained particular position. Would you wear a shoe on your head? Of course you wouldn’t wear a shoe on your head. A shoe doesn’t belong on your head. A shoe belongs on your foot. A hat belongs on your head. I am a hat. You are a shoe. I belong on the head. You belong on the foot. Yes? So it is. In the beginning, order was proscribed by your ticket: First Class, Economy, and freeloaders like you. Eternal order is prescribed by the sacred engine: all things flow from the sacred engine, all things in their place, all passengers in their section, all water flowing. all heat rising, pays homage to the sacred engine, in its own particular preordained position. So it is. Now, as in the beginning, I belong to the front. You belong to the tail. When the foot seeks the place of the head, the sacred line is crossed. Know your place. Keep your place. Be a shoe. “”

Snowpiercer, 2013

Hell is empty and all the devils are here. William Shakespeare

Hell is empty and all the devils are here – William Shakespeare

Os detentores de algum poder (a expressão neste contexto é utilizada da forma mais depreciativa possível) estão interessados em criar um especifico inferno negro, para nele enfiar a população.

O método utilizado para o fazer é a triagem económica. Os escolhidos para fazer parte desse novo  inferno negro serão colocados numa zona social e económica de exclusão.

Na prisão que foram forçados a escolher e da qual nem consciência tem que assim é, são informados que a exclusão tem características definitivas e serão motivados a conformarem-se com o destino que lhes foi totalitariamente imposto.

Motivados pela manipulação ou pela força bruta se necessário. São “os novos sapatos sociais”.

Os sapatos sociais desempregados, os a quem se diz, “mantenham o seu lugar, sejam um sapato social”.

Esta nova realidade está a tentar ser construída. Serve também o propósito sinistro de enviar uma mensagem aos restantes membros da população que sobram desta triagem, os que ainda estão incólumes ou resistam a esta forma de organizar a sociedade.

A mensagem é a seguinte.

Apoiem esta “nova mudança de paradigma”. Apoiem a traição que é feita aos vossos compatriotas.

O inferno negro (ainda) está vazio mas os demónios (já) estão aqui.

Temos que lidar com eles. O custo que nos é infligido por recusarmos lidar com demónios é demasiado elevado para ser pago.

A forma como esta traição é efectivada manifesta-se através da manutenção do  desemprego estrutural numa parte da  população para melhor favorecer o controlo de toda a população e para melhor a degradar.

“Os regimes autoritários contemporâneos parecem resolver o problema do desemprego à custa da eficiência e da liberdade.” ―John Maynard Keynes

“Os regimes autoritários contemporâneos parecem resolver o problema do desemprego à custa da eficiência e da liberdade.”
―John Maynard Keynes

Como começou o processo de transformação da realidade num inferno negro, que será, por enquanto, apenas para alguns?

Décadas de crescimento económico derivadas dos custos baixos de energia conjugados com taxas de retorno de investimento elevadas (Civilizacionalmente a lei dos diminishing returns estava ainda no seu processo ascendente…), e, especificamente na  Europa, a implementação do Estado social, tudo conjugado, criou uma ilusão de bem estar eterno e crescimento infinito.

Porque o inferno negro (ainda) está vazio mas os demónios (já) estão aqui, desde a década de 80 do século passado, mudou-se de paradigma e passou-se ao experimentalismo neoliberal misturado com tecno fascismo e crenças induzidas no “poder mágico” da tecnocracia como instrumento de operacionalidade administrativa publica e privada. E muita ganancia como tempero.

A nova ordem política e administrativa, o “uber” capitalismo sem qualquer regra que não a maximização do lucro e a implementação do mercado como padrão seriam aplicados a todas as sociedades. Um novo produto politico social – a democracia dos mercados – era vendido como a nova panaceia desenvolvimentista ocidental.

Esta reciclagem de velhas ideias totalitárias baseada em pensamento mágico travestido de ciência, tinha e tem como objectivo político destruir a democracia. A democracia como direito das populações afirmarem o que querem escolher e o que querem para a sua vida é um obstáculo aos mercados e aos tecnocratas.

Decidiu-se que seriam entregues a ” técnicos”, uma lista de assuntos que, passariam a ser decididos sem recurso a decisões políticas (leia-se eleições), mas sim em gabinetes, onde as decisões passariam a ser caucionadas e implementadas através de um selo técnico de aprovação emitido pelos “especialistas”.

Os especialistas não são eleitos e são facilmente corrompiveis. Os mercados convivem bem com a corrupção e absorvem-na.

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35 anos depois os resultados são desastrosos em todas as dimensões. Como bons fanáticos totalitários, os defensores destas ideias continuam, em estilo zelota moralista a afirmar as infalibilidades destas concepções, mesmo que os custos sejam enormes em todos os parâmetros.

O combustível que alicerça esta crença obsessiva chama-se ganancia. O aditivo do combustível chama-se psicopatia.

Inicialmente, a generalidade da população, mesmo a nível mundial, aceitou a situação nova. O dinheiro fluía e parecia que seria sem parar; por ignorância ou auto corrompimento a situação tornou-se ” um facto”.

Contudo, os sinais de que algo estava errado e podre começavam a evidenciar-se. Uma minoria de pessoas estava a ser “escorraçada” para fora do sistema social, político e económico, mas o seu numero era crescente ano após ano.

Pressentindo o perigo e querendo esbater as evidencias cada vez mais óbvias as tribos políticas – as principais responsáveis pelo estado a que se chegou – pelas constantes omissões de comportamentos e pela corrupção ética que exibem, tem produzido uma mensagem de negação da realidade, promovendo a falsa esperança nos futuros risonhos que ai virão.

Em Portugal, a tribo politica da esquerda, durante 3 décadas, gritou aos 4 ventos que “só através de crescimento económico mediante massivo investimento público (exactamente que tipo e qual crescimento económico é algo que nunca se diz…) se poderia crescer e reduzir o numero de excluídos na sociedade e assim abrir oportunidades de ascensão social para todos.(Segundo esta concepção cheia de felicidade imensa, todos podem ser sapatos sociais, mas alguns serão subsidiados para não o serem e outros serão  subsidiados para se sentirem melhor a serem sapatos sociais…)

Este posicionamento, revela a hipocrisia e o cinismo dos proponentes e revela a total incapacidade de definir objectivos concretos que defendam a população deste país.

flyer - 2014-12-04 - TRIBO DA ESQUERDA

Em Portugal, a tribo política da direita, durante 3 décadas, gritou aos 4 ventos que só através da criação de riqueza (isto é, da criação de riqueza que beneficiasse apenas os membros, familiares e associados da tribo politica da direita)  se poderia crescer e oferecer oportunidades ao numero de excluídos na sociedade e assim abrir oportunidades de ascensão social, para quem quiser trabalhar (Segundo esta concepção cheia de felicidade imensa, tal assim será para quem quiser ser apenas um sapato social obediente, que vote na direita e aceite que, quando as circunstancias o exigirem, lhe sejam retirados bens patrimoniais, poder pessoal e autodeterminação,sendo esses “bens” retirados apenas para melhor glória e benefícios do crescimento de riqueza na direita, familiares e associados..)

Este posicionamento, revela a hipocrisia e o cinismo dos proponentes e revela o total desprezo pela população e pelo país e apenas consegue encarar as pessoas como seres obedientes que existem apenas para servir.

FLYER - 2014-12-04  - TRIBO DA DIREITA

As duas tribos políticas, com os seus múltiplos spin offs políticos, agentes ao serviço, grupos de interesse, remoras parasitas que flutuam entre ambos os grupos, corrupções éticas varias e miopia institucional e patriótica, tem conseguido apenas desbaratar recursos, destruir valor económico e social, e gerar um caos constante no relacionamento das pessoas entre si e com o Estado.

Como tem reagido a população às constantes quebras do contrato social que lhes são feitas por estas tribos políticas?

Cheia de entusiasmo, feliz com os fracassos a população emite arrotos irracionais de cidadania de 4 em 4 anos. O caos constante em que vive já lhe parece uma segunda pele e defende psicologicamente que assim sempre foi, de tão condicionada está. Esta recusa de mudar tem um preço demasiado elevado, mas a resposta da população é sempre constante e irracional – mais do mesmo. Este linear histórico de comportamento pós 25 de Abril de 1974 repete-se e não se aprende.

Para espelhar o linear histórico de comportamento, as reclamações e as queixas são também irracionais e repetitivas quando a coisas não correm bem. “Os políticos são todos iguais” como argumento de desresponsabilização, já perdeu o seu prazo de validade como desculpa a ser apresentada pela população.

Porque o inferno negro (ainda) está vazio mas os demónios (já) estão aqui, o desemprego é um problema estrutural. Os outros problemas inseridos na quebra do contrato social são problemas estruturais; é necessário lidar com eles.

Porque o inferno negro (ainda) está vazio mas os demónios (já) estão aqui, temos que lidar com eles. O custo que nos é infligido por recusarmos lidar com demónios é demasiado elevado para ser pago.

O Enclave recusa ser uma zona económica e social de exclusão.

O Enclave recusa promover a ideologia dos sapatos sociais.

O Enclave é uma zona de exclusão ética e espiritual.

O Enclave lida com demónios e combate-os.

O Enclave é eterno.

Realidades Democráticas V

Enquanto Portugal está no processo de se transformar num dos primeiros países da União Europeia a regredir ao estatuto de região anárquica do terceiro mundo as máquinas de produção de desinformação da elite continuam ocupadas a vomitar as habituais peças de ficção social para manter as hostes calmas. Num esforço de injectar algum sentimento de normalidade no que é uma situação cada vez mais aberrante, a máquina propagandística continua a tentar desesperadamente apelar aos segmentos mais desafectados da população (os jovens, os desempregados, os insatisfeitos, os condenados à pobreza abjecta de forma permanente… os que têm maior apetência a romperem a ficção do contrato social que temos), martelando incessantemente as mesmas palavras: mantenham-se calmos, não há motivo de alarme, tudo irá correr bem, o vosso dia chegará. Claro que é um esforço vão porque a distância entre a mensagem e a realidade diária é de tal forma visível que nem o mais crédulo jovem alguma vez poderia dar crédito a estas “vozes razoáveis”, que como sempre se querem fazer passar por meros peritos técnicos – afinal de contas num país marcado por um atraso crónico face aos seus vizinhos o tecnocrata (vulgo “perito”) ganhou o estatuto próximo de um alto sacerdote.

"A paciência dos povos é a manjedoura dos tiranos."  - Emilio de Marchi

“A paciência dos povos é a manjedoura dos tiranos.” – Emilio de Marchi

Prova IV: enquanto a larga maioria dos jovens está desempregada ou trabalhar em posições em muito inferiores ao seu nível real de habilitação e capacidade profissional o sistema continua a mandar discursos cá para fora sobre seriedade, profissionalismo e iniciativa. Como se estas pessoas tivessem vivido num casulo até hoje. Como se nunca tivessem tido contacto real com as realidades do mundo profissional e em particular com o carácter arbitrário e despótico (quando não mesmo totalitário) que este assume em Portugal. No campo do formalismo político tenta-se a mesma coisa, insistindo que ao se criar mais um nível eleitoral (com candidatos pré-seleccionados claro) se aproximou o cidadão comum ao poder político. Como se tais mudanças estéticas tivessem de facto criado alguma alteração à dinâmica de funcionamento de poder que existe entre aparelhos partidários e a elite que servem. Como se o cidadão comum não soubesse ver que não ganhou nada com o negócio. Nada muda excepto o ilusório. O sistema está podre e não consegue adaptar as suas acções ou mesmo palavras à nova realidade. Continua de forma autista a repetir os mesmos mantras rezando aos céus que alguma solução milagrosa se apresente antes que os cidadãos se apercebam que o estrago feito é irreparável e resolvam pedir contas a alguém.

"Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser." - Johann Wolfgang von Goethe

“Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser.” – Johann Wolfgang von Goethe

Moral da Prova V: A elite é de facto indiferente às realidades da população. Não sabe o que se passa no terreno nem quer saber. Tem um discurso oficial a promover e apenas lhe interessa o formalismo vazio para poder manter as estruturas reais de poder inalteradas. Os seus servidores mais imediatos, quais formigas atarefadas, trabalham sem descanso para dar pelo menos um verniz tecnocrático e popular a uma realidade verdadeiramente imoral em todos sentidos. Ambos os grupos estão investidos neste processo até à medula e sabem que a sua sobrevivência depende da manutenção destas ficções e da fragmentação social que sempre fomentaram (as falsas divisões de classe, de profissão, de idade, de orientação política… entre muitas outras falsas categorias). Quanto ao cidadão… esse está a ser manipulado e ridicularizado por tais tácticas e continuará nesta posição até ter a honestidade de admitir a si mesmo qual a sua realidade pessoal e ganhar a coragem para fazer algo.

(Mini) Manifestos tecnocráticos

Se há algo de que podemos todos estar seguros é que os meios de comunicação são inteiramente neutros em Portugal. Não são dados a preferências ocultas ou a servir agendas ideológicas de forma encapotada. A verdade e apenas a verdade. Não será então de estranhar que nos tenham presenteado com esta publicidade ao mais recente manifesto dos tecnocratas do sistema político-económico. Num pequeno vídeo explicam-nos tudo sobre as complexas realidades portuguesas, de forma simples, para não cansarmos os nossos cérebros.

"Pensar é o diálogo da alma consigo mesma" - Platão

“Pensar é o diálogo da alma consigo mesma” – Platão

Há muitos anos que o sector conservador investe imenso tempo e dinheiro em produzir obras, mais ou menos panfletárias, de divulgação das suas doutrinas – quais missionários que querem dilatar a fé e o império. São construídas especificamente para um público de classe média que que acha que deve ter opinião sobre determinados temas mas não está disposto a investir o tempo e esforço necessários para realmente entrar nas questões – todos somos demasiado ocupados hoje em dia e se as empresas podem fazer outsourcing de servidos porque não fariam as pessoas o outsourcing das suas ideias? O resultado é a propagação quase inevitável de uma visão enviesada da realidade, que leva a absurdos lógicos quando seguida até às suas consequências finais, estragos sociais provavelmente irreparáveis totalmente previsíveis e à solidificação de uma mentalidade de respostas e análises simplistas que evitem todas as coisas feias, como o confronto com a realidade empírica.

“The real political task in a society such as ours is to criticize the workings of institutions that appear to be both neutral and independent, to criticize and attack them in such a manner that the political violence that has always exercised itself obscurely through them will be unmasked, so that one can fight against them.”  - Michel Foucault

“The real political task in a society such as ours is to criticize the workings of institutions that appear to be both neutral and independent, to criticize and attack them in such a manner that the political violence that has always exercised itself obscurely through them will be unmasked, so that one can fight against them.” – Michel Foucault

Não acredita no que digo caro leitor? Olhemos então para o conteúdo do fantástico vídeo promocional que nos foi proporcionado (será de notar que a página do jornal contém a penas um vídeo com discursos dos autores, não há sequer a tentativa de fingir que se trata de uma análise jornalística ou minimamente crítica), ponto por ponto.

– Porque é que os economistas acham que têm sempre uma resposta para tudo? Ao contrário do que é afirmado pelos autores não é que haja uma procura popular de respostas junto dos economistas. A questão é que o culto ao deus mercado que tem sido imposto por todo o mundo tem por corolário a criação de uma casta “sacerdotal” de “iluminados”, que através de teorias e livros sagrados interpreta a vontade desta tenebrosa divindade. Foram os próprios economistas que se colocaram neste papel oracular e do qual não abdicam nem que tenham que reduzir toda a existência humana à mera troca de bens, serviços e promessas de pagamento. Como tal, regularmente saem dos seus transes e dizem-nos os sacrifícios que devemos todos fazer para apaziguar o seu deus. A economia, como é praticada hoje em dia, está um degrau abaixo da adivinhação através das entranhas de animais.

– Porque não há dinheiro para pagar as nossas reformas? De forma fantasiosa os nossos “rebeldes” (bem institucionais) querem-nos fazer crer que a segurança social é uma espécie de fraude que nunca fez sentido e que nunca será sustentável. Isto é a melhor tradição da escola de Chicago, uma série de premissas mal explicadas, ligadas por um raciocínio dúbio que levam a uma conclusão incrível, que implicitamente quer levar quem os ouvir e ler a pensar que no fundo todo o sistema devia ser privatizado (a subtileza é o leitor chegar a essa conclusão “sozinho”). Claro que nunca entra nos esquemas mentais dos altos sacerdotes do deus mercado que a segurança social nunca foi suposto ser lucrativa ou sequer ser um negócio. Sempre foi suposto ser um encargo que era assumido pelo estado em nome de uma estabilidade social acrescida. Que no fundo se trata de uma questão que sempre foi e deverá permanecer política. É igualmente omitido que em caso de privatização as empresas detentoras dos planos de pensões passam a poder restrutura-los a qualquer altura e que quando forem à falência todos os pagamentos cessam. Não se diz que este cenário, algo negro, já aconteceu em mais que um país que privatizou a sua segurança social. Não se fala nos milhões que ficaram sem pensão estatal e sem pensão privada, literalmente a trabalharem até poderem e até morrerem.

– Porque é que há tantos prédios em ruinas no centro de Lisboa e Porto? Aqui o vilão na história dos nossos rebeldes é o congelamento dos arrendamentos que passa a ser culpado pela decadência urbanística. Que a esmagadora rendas já não reflictam essa distorção, que as pessoas ainda afectadas essencialmente não têm como sustentar qualquer tipo de “preço de mercado” não entra na equação. Os novos sem abrigos não membros produtivos da sociedade e como tal não merecem uma só palavra. São remetidos ao mesmo silêncio dos pensionistas em regime privado que ficaram sem nada. Numa nota particularmente perversa o exemplo de fundos que detêm propriedades é obviamente público, esquecendo claro que os fundos bancários em muito ultrapassam a posse estatal.

– Porque é que há tantos professores e as turmas têm alunos a mais? Aqui foge, um pouco, a boca para a verdade aos nossos nobres curas conservadores. De facto há muitos professores em situação irregular que não têm horários dignos desse nome. De facto há professores em funções de administração que deveriam ser desempenhados por burocratas. Mas falta dizer que tudo isso foi consequência das reformas para “racionalizar o sistema de ensino”. Que o interesse servido em tais reformas não foi, como é dito, o dos professores mas o sim o de privados que ganham com a desvalorização do serviço público. Mas enfim, isso afecta apenas quem colocar os filhos no público portanto também vai para o mesmo tumulo silencioso que os pensionistas depauperados e sem abrigo.

Como vê caro leitor em pouco mais de cinco minutos de vídeo foi possível simplificar e distorcer situações relativamente simples ao ponto de alterar radicalmente a perspectiva de qualquer cidadão menos dado à reflexão por conta própria. Ainda está seguro que está a obter uma análise séria e realista por parte de comentadores institucionais e/ou “rebeldes”?

Os ares do Verão

Para que serve o Verão em Portugal? Até há uns anos (2007-2008) servia como ritual de purificação da classe média que se isolava através do turismo massificado em zonas de praia com planos urbanísticos horríveis. No entanto isso tem vindo a alterar-se. A mobilidade reduz-se a cada ano que passa e cada vez mais pessoas ficam em casa a meditar sobre o que fizeram o ano todo. A contemplar os seus erros. Sem banhos de sol e mar podem encarar mais sobriamente o que esses enganos podem implicar para o seu futuro. Será que a anunciada recuperação terá alguma continuidade depois do normal “boost” de Verão? Poder-se-ão pagar as contas de saúde que se vão acumulando à medida que as poucas unidades ainda totalmente públicas começam a perder os poucos recursos que lhes restavam? Será que haverá dinheiro para que os filhos possam continuar a estudar agora que o ensino vai seguir o caminho do SNS e será incrementalmente pago? Os abutres televisivos fazem a cacofonia do costume mas nada parece claro. E assim se perdem as noites de sono dos mais prescientes.

"O culpado que nega as suas culpas - dobra-as"

“O culpado que nega as suas culpas – dobra-as”

Os mini casos de corrupção política e pessoal ocupam as semanas e a confusão dá lugar a exigências algo vagas de “justiça” – dentro do estilo de uma populaça medieval irada: “que se tirem as maçãs podres do cesto” (que o cesto em si esteja podre é outra questão que escapa à visão de muitos). Mas a pergunta mais perceptiva é porque é que estes “escândalos” aparecem todos de seguida. Se olharmos para a normal rotatividade dos partidos penso que será fácil de perceber que esta continuação de governo não estava nos planos. Isso aumentou muito as tensões. Já em tempos normais o teria feito, mas numa altura em que os aparelhos partidários estão mais apertados a urgência é sentida como a fome de quem não vê uma sandes há uma semana. Não espaço para o cavalheirismo habitual. Não se podem deixar estas coisas passar – mesmo que seja do interesse de qualquer sistema estável que os principais agentes de poder não chamem a atenção dos governados sobre as suas falhas, especialmente quando são partilhadas, já que não só os enfraquece a ambos como ao sistema que lhes permite existir. Mas quando a fome aperta e os recursos escasseiam os cavalheiros perdem os seus bons modos e tornam-se visivelmente mais tribais, tornando todo o jogo de interesses mais transparente.

"Os traidores são colhidos na sua própria cobiça"

“Os traidores são colhidos na sua própria cobiça”

Mas a vida prossegue. Por inércia. Por incapacidade de reacção. Por apatia. Por indiferença. Por cobardia. Talvez os deputados alemães tenham alguma razão e Portugal seja um país de “mansos”. Talvez. O calor tardio finalmente faz o seu efeito e leva os portugueses mais persistentes à sonolência. Conseguem adormecer numas “siestas” que compensam as noites problemáticas. Mas Setembro está à porta e com ele mais uma movimentação nos terrenos políticos, as eleições locais. As eleições para o poder autárquico são uma mistura de clientelismo básico de século XIX, aparelhos partidários pós-25 de Abril, corrupção imobiliária e uma oportunidade geral de fazer uma sondagem de opinião sobre o poder central. Serão seguidas pela tentativa de aprovar mais um orçamento que deverá tantas hipóteses de passar quantas as câmaras que o PSD conseguir manter e do próximo relatório trimestral sobre a economia – já sem os resultados de Verão. Admito ignorância quanto ao que vai na cabeça dos nossos veraneantes. Não sei se continuam a pensar que isto se vai corrigir sozinho. Não entendo o porquê da indiferença dos mais afectados pelas reformas. Estão à espera de algum salvador? Nesse caso puxem uma cadeirinha porque pode demorar – o último devia ter aparecido pouco depois de 1580 e ainda estamos à espera.

wir kapitulation

wir kapitulation

O calor entorpece os sentidos mas a seguir ao Verão virá sempre o frio. Severo. Cruel. Realista. E aí não existirão deliciosos pedaços de tempo a meio da tarde onde as pessoas poderão diluir as suas consciências. Virão também novos Senhores do Norte. Emissários imperiais para nos impor um novo tributo sobre a dívida gerada por nós e acima de tudo por especulação financeira organizada – se existisse capacidade técnica e coragem política provavelmente chegaríamos à conclusão que estamos mais num cenário de guerra económica e de ocupação informal do que parceria. Não haverá simpatia como não houve até agora. Não haverá perdão. Não haverá alívio. Apenas um aumento da pressão até que os mestres dos publicanos estejam saciados com o saque e assegurados da incapacidade de resposta. O regime fragiliza-se internamente mas cimenta cada vez a sua credibilidade pela sua estreita ligação à nova Roma. O povo ignora por sua conta e risco o que sucede debaixo das suas barbas.

Consilio, quod respuitur, nullum subest auxilium

El Dorado de latão

As recentes questiúnculas com Angola trazem sempre à memória o passado português. Aquela tendência autodestrutiva de não resolver os problemas que se têm em casa e procurar uma fuga noutro local qualquer. De certa forma esta atitude tem o seu equivalente no Sebastianismo, a procura de um imaginário miraculoso e salvífico que oculta uma falta de vontade ou incapacidade de lidar com o presente. Começámos pela Índia não tendo sabido manter o Império Oriental verdadeiramente lucrativo por mais que umas décadas – período durante o qual reinou uma autêntica guerra pirática de todos contra todos nas possessões portuguesas. Quando as coisas não funcionaram tão bem como tínhamos pensado transferimos as nossas aspirações mais profundas para o Brasil. Rapidamente também as riquezas fáceis chegaram ao fim e iniciou-se a economia esclavagista que dominaria até meados do século XIX. A revolução industrial apanhou-nos desprevenidos, como de costume, e as poucas oportunidades de acompanhar o resto da Europa foram desperdiçadas levianamente. Não será de admirar que tenhamos perdido o país para os ingleses antes de ele próprio se ter declarado independente. Em desespero de causa e sem ter para onde mais olhar lentamente começámos a interessar-nos pelas possessões africanas sendo que só no século XX é que chegámos a uma exploração verdadeiramente sistemática de uma parte significativa desses territórios. Como a metrópole nunca esteve em ordem aconteceu o mesmo que em outros momentos históricos. Uma transição atabalhoada que levou à perda de décadas de acumulação de capital próprio. Esta falta de vontade de olhar para nós próprios levou também à falta de análise crítica (política e não académica) da ditadura, das causas da sua durabilidade e do colaboracionismo de grande parte da sociedade – a hipervalorização de Abril faz lembrar um pouco a Itália pré-1945 em que se estimava existirem cerca de 500 guerrilheiros/resistentes ao regime fascista; poucos meses após retirada final da Wehrmacht o número de italianos que reclamavam ter feito parte da resistência já tinha atingido os 5000.

S. Francisco Xavier despedindo-se de D. João III antes da viagem para a Índia. Quatro anos depois escreveria ao monarca a implorar o establecimento da Inquisição no Oriente devido ao caos que encontrou.

S. Francisco Xavier despedindo-se de D. João III antes da viagem para a Índia. Quatro anos depois escreveria ao monarca a implorar o establecimento da Inquisição no Oriente devido ao caos que encontrou.

Sem análise política digna desse nome o povo seguiu alegremente o novo curso que lhe propuseram, a coesão com a Europa – numa altura que a fragilidade económica do continente já tinha feito algumas aparições. Mais uma viagem rumo a uma realidade desconhecida que parecia tão mais atractiva que a nossa. Com o benefício acrescido de podermos fugir de qualquer tendência mais introspectiva que nos forçasse realmente a lidar com os nossos “demónios” colectivos. Passou-se uma camada de verniz sobre o passado recente e sobre a própria realidade mental portuguesa e anunciou-se com pompa e circunstância que tínhamos integrado o mundo desenvolvido – só mesmo em indicadores do nível de asfalto por área territorial é que poderíamos aspirar ter atingido tal objectivo. Como todos agora sabemos as crises que já tinham abalado o sistema económico e social Europeu só se agravaram com o passar do tempo; penalizando cada vez mais os países menos unidos, culturalmente mais conservadores, de sistemas políticos recentemente forjados e sem pensamento estratégico. Mais uma aventura que provou que no curto prazo os portugueses são fantásticos a aproveitar as oportunidades de ganhos rápidos mas que lhes falta a dimensão estratégica que permitiria, senão um domínio de certas áreas, pelo menos atingir uma certa estabilidade e independência face ao exterior. Neste ponto da narrativa será escusado dizer que nos recusámos mais uma vez a olhar para dentro, para o que teríamos que resolver internamente e passámos à caça frenética da próxima “grande oportunidade”, e assim chegamos ao oásis angolano. Vedado a, quase, todos nas primeiras décadas que se seguiram à independência por uma brutal guerra civil e ressentimento acumulado e votado ao esquecimento nos primeiros anos de paz enquanto andávamos entretidos a brincar com a Europa. Mas finalmente tínhamos descoberto o nosso mundo de oportunidades perdidas numa ex-colónia sequiosa de desenvolvimento.

“Your visions will become clear only when you can look into your own heart. Who looks outside, dreams; who looks inside, awakes.” - Carl Gustav Jung

“Your visions will become clear only when you can look into your own heart. Who looks outside, dreams; who looks inside, awakes.” – Carl Gustav Jung

Mas por debaixo desta narrativa tradicional da descoberta do novo “el dorado” estava a mesma realidade de sempre. Um país que não resolveu os seus problemas internos, que não evoluiu mentalmente e que se centra sobre ganhos a curto-prazo. Esquecemo-nos do óbvio. De um ponto de vista estritamente económico Portugal não é nada e apanha as migalhas que outros gigantes deixam cair estando condenado a ser eventualmente afastado dos mercados mais lucrativos de Angola. Mais que isso, o nosso desenvolvimento técnico é recente, limitado a certas áreas e não estamos na linha da frente da investigação. Ou seja, rapidamente Angola pode prescindir dos serviços das empresas portuguesas assim que tiver as estruturas básicas montadas. Na melhor das hipóteses estamos a olhar para 10 anos de relações lucrativas seguindo-se um período de decrescimento da presença nacional até aos níveis anteriores e de uma inversão natural do peso económico respectivo, visto não termos qualquer barreira comercial digna desse nome com os PALOP (nem mesmo baseadas em correlações com o desenvolvimento humano, crescimento da classe média local, direitos humanos, etc). Mais uma vez o teatro do imediato toma prioridade e as pessoas tomam posição face a uma suposta agressividade Angolana (tomando algumas respostas laivos do regime que colonizou o país) quando de facto o que ocorre é apenas o natural entre nações cujos povos não têm laços reais sólidos, a realpolitik – que, a julgar pelo que vemos, as elites angolanas dominam melhor que as portuguesas. Sendo irrelevante a “solução” final para estas questões resta perguntarmos-mos: e quando Angola já não for “the next big thing”? Qual é a próxima terra prometida? Queremos mesmo continuar a ignorar o nosso mal-estar interno? A viver de solução de curto-prazo em solução de curto-prazo? E mesmo que queiramos isso, será viável no mundo que está a nascer?

Realidades Democráticas III

Como já todos perceberam, existe uma miríade de factores que interferem e poluem o processo, dito, democrático, tal como o conhecemos no presente. Um dos óbvios é a preponderância dos interesses económicos especulativos. Historicamente sempre foi este o caso mas no passado existia de facto uma correspondência directa e legal entre o poder económico e o poder de voto (nomeadamente requisitos censitários). No presente o sistema foi algo mais inventivo e criou uma forma mais divertida de perverter a coisa. Deixa os mercados “pronunciarem-se” através de instrumentos puramente especulativos como as bolsas de valor. E as pessoas ouvem, o que é absolutamente hilariante. Começaram mesmo a acreditar que mecanismos de especulação financeira (e nada mais é “produzido” pelas bolsas de valor – basta verificar que se o valor de acção ou obrigação fosse o real, ou seja, desprovido de efeito especulativo intencional, ninguém ganharia dinheiro; as bolsas de valores seriam apenas quadros informativos quase estáticos) são capazes de avaliar a credibilidade de um político e, de forma mais grave, têm legitimidade para o fazerem.

who are we kidding

Prova III: Os italianos não aprovaram Monti, o candidato escolhido pelas maiores empresas financeiras do planeta, e já sofrem as consequências de tal ousadia. Vendo os seus “valores” descer significativamente por avaliação dos “mercados”. E a guerra económica continuará até uma de três hipóteses se verificar. 1) A economia real italiana, como todas as outras, está tão ligada ao elemento especulativo que explode lançando o país em décadas de miséria total; 2) Os eleitores (a omissão da palavra cidadãos é intencional) fazem uma escolha de um candidato que esteja disposto a ser comprado e como tal é como se tivessem votado de “forma correcta” ou 3) Começa um processo retaliatório contra entidades que usem a especulação para interferir em fenómenos políticos.

Moral da Prova III: Não será preciso ser um génio da análise psicológica e política para perceber que a hipótese mais viável é a segunda. Os eleitores “revoltam-se” mas sabem à partida que haverá um compromisso mais tarde com os interesses especulativos que tanto criticam. A rejeição total desses interesses não é interessante para o eleitor do centro (o tal que supostamente é racional e moderado) já que implicaria mudanças demasiado profundas na sua realidade. Há demasiado medo para encarar tal hipótese. A primeira opção é mais provável que a criação de processos retaliatórios mas não por muito. Qualquer tentativa de dissociação da economia real da especulação será recebida violentamente pelo mundo financeiro e não há políticos nem partidos com fibra para isso – e diga-se à partida que não existem porque as pessoas não os querem. Querem sempre os mesmos homens “bem falantes”, sem espinha vertebral (flexíveis, como se diria na gíria político-económica) e pouco ameaçadores. Resumindo, não entidades que lhes digam que tudo está bem e lhes dê lustro ao seu ego imerecidamente inchado.