Negação: “Isto não pode estar a acontecer.”
Raiva: “Por que eu? Não é justo.”
Negociação: “Deixe-me viver apenas até ver os meus filhos crescerem.”
Depressão: “Estou tão triste. Porquê me hei-de preocupar com qualquer coisa?”
Aceitação: “Vai tudo ficar bem.”, “Eu não consigo lutar contra isto, é melhor preparar-me.”
Com enumeração dos 5 estágios de luto, modelo kubler -ross, percebemos como estão a sofrer aqueles que apostaram cá em Portugal e nos EUA, na vitória de Hillary clinton nas recentes presidenciais americanas.
Esta cruel piada levada a cabo pelas circunstancias tem confundido e perturbado as mentes em Portugal, excepto os fieis adoradores da ideologia política/económica que Trump visa representar. Ou os novos cristãos renascidos, que passaram a adorar Trump 5 segundos após ter ganho…
A aquisição de espelhos de longo porte, destinados aos portadores dos 5 estágios de luto para uma longa auto contemplação servirá para fazer a necessária limpeza dos mitos em que vivem e da abstracção social e mental em que estão. Asserção válida para os membros da esquerda política (mais) e para os membros da direita política (menos)
O sentido de humor relacionado com este acontecimento chamado Trump abandonou o edifício e o assunto é serio.
O sistema social, político e económico oriundo dos EUA e aplicado em Portugal, como boa região periférica e vassalo que é, produz cidadãos fáceis de controlar. Uma sociedade atomizada, crescentemente computorizada onde as mensagens entre pessoas são mediadas via comunicações electrónicas é a regra e no caso português, dada a nossa penúria económica geral, é o facebook como canal de distribuição do controlo social e da aplacação/direccionamento das fúrias das massas caso eles porventura venham a existir.
No EUA, esta é a norma nos grandes centros urbanos, embora depois existam grupos autónomos de estilo tribal, separados da tecnologia, impermeáveis ás mensagens electrónicas devido ao seu estilo de vida adverso a essa forma de viver.
Em Portugal, menos, mas diferentes, grupos de população semi autónomas, e de tipo tribal, vivem nos interior do pais e nos subúrbios das grandes cidades, quase misturando-se numa fusão entre tribos rurais e lumpen proletariado despojado.
Estes grupos de tribos rurais e urbanas são menos controláveis e menos entendidas pelo sistema de controlo político. Lá e cá.
Tecnologias políticas de controlo nos cidadãos: nos EUA, os esquemas financeiros e os bancos, o sistema de saúde privado, o sistema de defesa e segurança semi publico e privado (também conhecido como complexo militar industrial), o sistema de prisões privatizadas, o sistema de ensino superior de custo superior a 100 mil dólares por ano, ou por 3 anos consoante é Ivy League ou universidade privada normal, são os exemplos.
Em Portugal, pobrezinhos e nada honrados tenta-se copiar esta lógica, mas falta escala, profundidade populacional, dinheiro e suficiente corrupção profissionalizada competente para que se produzam mais palhaços saídos das linhas de montagem destinadas à produção de cidadãos atomizados.
Nos EUA, Clinton representava os mediadores de interesses especiais e era a quinta essência do propagandismo. Cá também temos Clintons, basta olhar, mas tem menos qualidade em dimensão e volume, mas são proporcionalmente mais numerosos e imbecis.
No estados Unidos Bernie sanders era um obstáculo fraco e foi afastado pelas regras administrativas do sistema. O problema depois seria produzir um candidato a presidente demasiado fraco para ganhar a Clinton.
Trump, nesse sentido representa a anomalia técnica que abalou este sistema ( isto não exclui obviamente que o candidato seja detestável…)
Os que estão de luto chorando por Hilary Clinton , em demografia eleitoral e geografia eleitoral, agrupam-se nas grandes cidades dos EUA. (Em Portugal também)
Num cenário hipotético de guerra nuclear com a Rússia ( que Clinton e o departamento e estado americano forçaram implacavelmente…) os primeiros a morrer seriam precisamente estes votantes em Clinton agrupados em cidades. O conforto da abstracção por um lado e uma total ausência de auto preservação, por outro são a fome e a vontade de comer deste cenário.
A lógica deles é simples: quem votou em Trump é racista, estúpido, ignorante ,sexista, xenófobo, e todos os que votaram em Trump são isso.
Sendo certo que existem muitos, dizer que todos o são é um erro, e que, no caso português, a tribo da esquerda política insiste em cometer. A tribo da direita política, nas suas maiores facções ainda está a deliberar, excepto os neoliberais de pacotilha cá do sitio que exultam como porcos na pocilga a comer maçãs.
O complexo militar industrial americano controla mais as percepções dos citadinos norte americanos. Racionaliza como uma máquina e aplica analises custo – beneficio, para verificar onde consegue maior e melhor alcance. As decisões devem ser alocadas aos sítios susceptíveis de melhor produzirem efeitos a quem controla.
E agora surge o mesmo fenómeno generalizado junto de muitos habitantes do EUA (em Portugal é a geral indiferença de 99% da população…) que já sucedeu historicamente quando Napoleão abandonou o seu refugio na Ilha de Elba.
O “Le moniteur Universel”, ilustre periódico que cultivava o jornalismo de lixo (que actualmente se pode ver num infame diário português), e que faleceu em 30 de Junho de 1901 (abram-se garrafas de champanhe por mais uma folha de alface ter morrido…) noticiava assim a vinda de Napoleão.
- O canibal deixou o seu covil. 9 de Março
- O ogre corso acabou de desembarcar no Juan Gulf. 10 de Março
- O tigre chegou ao Gap. 11 de Março.
- O monstro dormiu em Grenoble 12 de Março.
- O tirano atravessou Lion – 13 de Março
- O usurpador foi avistado a sessenta léguas da capital – 18 de Março.
- Bonaparte avançou em passo de corrida, mas nunca entrará em Paris – 19 de Março.
- Amanha , Napoleão estará dentro das nossas fortificações – 20 de Março.
- O imperador chegou a Fontainbleau – 21 de Março.
- Sua majestade Imperial e real entrou no seu palácio nas Tulherias ontem à noite acompanhado pelos seus mais fieis súbditos – 22 de Março
Em Portugal veremos isto acontecer (pela opinião publicada…e pelos “especialistas”consoante Trump faça o que se quer que faça). A excepção a isto, desde já, são os fieis fanáticos neoliberais, mas mesmo eles próprios seguiram rapidamente a lógica aplicada pelo Le moniteur Universel a Napoleão.
Os americanos adoram um vencedor, mesmo que seja um traste. Os jornalistas e courtiers deste sistema irão fazer por isso. Trump o outsider será Trump a estrela.
Em Portugal estado vassalo insignificante passar-se-á a mesma coisa.
No sector político da tribo da direita política, a hipocrisia em relação a este senhor e as meias palavras oscilarão consoante o vento.
No sector político da tribo da esquerda política, há o desconforto das facções principais, com a repulsa virulenta dos subsectores mais esquerdizados.
No enclave, com os irmãos de Némesis escrever-se-á a verdade.